“Estados Unidos já matou mais civis na Síria do que terroristas do Estado Islâmico”, denunciou o ministro do Exterior da Síria, Walid Al Moallem, à Assembleia Geral da ONU
O governo sírio dirigiu-se ao Conselho de Segurança da ONU para condenar os crimes dos Estados Unidos contra o povo sírio e a tomar as medidas que o obrigue “a implementar as resoluções do CS da ONU acerca da luta contra o terrorismo, como explicitado na Resolução 2253 aprovada em 2015 pelo Conselho”.
Em duas cartas entregues ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em 20 de setembro e em 3 de outubro, nas quais destaca a citada resolução que “reafirma que aqueles responsáveis por cometer, organizar ou apoiar atos terroristas devem ser responsabilizados” e, neste sentido, chama o CS da ONU a “assumir suas responsabilidades na preservação da paz e segurança internacionais” e a tomar todas as medidas necessárias para “deter a coalizão internacional sob liderança dos Estados Unidos em seus crimes contra o povo sírio”.
Nas cartas o ministério do Exterior ressalta dois massacres cometidos pelos EUA em povoados vizinhos a Deir Ezzor e Raqqa, no primeiros dias de outubro “assassinando 57 civis, em sua maior parte mulheres e crianças, ferindo muitos outros e causando imenso dano material a propriedades e residências”.
A carta ressalta que os próprios perpetradores destes crimes admitiram recentemente haver morto 800 civis desde o começo de suas operações na Síria “o que deixa claras as evidências de seus crimes odiosos”, cometidos “de forma ilegítima”, a pretexto de combate ao terrorismo mas “sem solicitar permissão para tal ao governo sírio e fora dos quadros da ONU”.
Conclama, através das cartas, os países que se aliam a estes crimes colaborando com armas e tropas a esta “coalizão” criada pelos EUA em agressão a um país soberano, em ameaça à paz e às expensas da ONU, a se afastarem dos crimes cometidos pelos Estados Unidos em território sírio:
“A República Árabe da Síria reitera seu apelo aos países, os quais os ‘aliados’ cometem os crimes em seu nome, a se retirarem desta aliança e a se distanciarem destes crimes” e expressa, “profunda preocupação com o fato de diversos governos que se dizem atentos a questões humanitárias “permanecerem silentes quando se trata dos crimes cometidos pelos Estados Unidos conta o povo sírio”.
Além disso, enfatiza a Síria, que “os Estados Unidos,fazem de tudo para impedir o Exército Sírio de retomar áreas controladas pelo Estado Islâmico”, protegendo “seus instrumentos e agentes na região, representados pelos grupos armados, o que demonstra as reais intenções da política destrutiva dos Estados Unidos tornado necessário que se tomem medidas para por fim a isto”.
Na carta de 20 de setembro, o governo da República Árabe Síria denuncia as agressões norte-americanas “contra a soberania, contra a integridade territorial da República Árabe da Síria e contra os civis inocentes filhos do povo sírio” e denuncia as seguintes agressões de 13 a 20 de setembro:
– A aviação de guerra dos ‘aliados internacionais’ manteve os ataques contra as áreas povoadas por civis, contra a infraestrutura e instalações públicas na República Árabe da Síria, fato que vitimou 94 civis e feriu dezenas deles no último período, em sua maioria mulheres e crianças, nos distritos de Hasaka, Deir Ezzour e Raqqa.
A aviação de guerra dos ‘aliados internacionais’ alvejou a região de Shadadi, no distrito de Hasaka, o que resultou na morte de 60 civis, moradores do vilarejos de Jazaa, Shamsani, Fadghami, e Keshkesh Zaianat. Os aviões de guerra dos ‘aliados internacionais’ cometeram, ainda, dois massacres, ao bombardearem as áreas residenciais da cidade de Raqqa e a zona rural ao norte de Deir Ezzour, em 13 de setembro de 2017, que resultaram na morte 22 civis. Além das agressões destes aliados contra a cidade de Mahkan e a cidade de Maiadeen, em Deir Ezzour, perpetradas em 16 de setembro de 2017, resultaram na morte de 12 civis.
A República Árabe da Síria, ao expressar sua mais veemente condenação às agressões, aos seus crimes de guerra, aos seus crimes contra a humanidade cometidos contra os civis sírios, à continuidade de seus bombardeios contra as áreas povoadas por civis e à destruição da infraestrutura e das instalações de serviços públicos, incluindo as instalações de saúde, de ensino e religiosas, reitera sua exigência ao Conselho de Segurança para dar um basta à este crimes bárbaros e à estas sérias violações ao Direito Internacional Humanitário e ao Direito Internacional”, violando “os princípios da Carta das Nações Unidas e as normas do Direito Internacional”.
Diante destes números e ocorrências, o ministro do Exterior da Síria, Walid Al Moallem destacou diante da Assembleia-Geral da ONU que “os Estados Unidos mataram mais civis na Síria do que o Estado Islâmico”.
NATHANIEL BRAIA