
Insensível ao drama das pessoas que sofrem com as fortes chuvas que atingiram os estados da Bahia e de Minas Gerais, Jair Bolsonaro voltou a andar de jet ski e promoveu aglomerações no sábado (1º) em mais um dia de folga no litoral de Santa Catarina.
Em vídeo publicado nas redes sociais, ele insulta as vítimas das enchentes andando de moto aquática e tirando fotos com apoiadores que se aglomeraram na Praia de Itapoá, como se nada de grave estivesse acontecendo no país.
O presidente também publicou no Twitter um vídeo que mostra a visita feita na sexta (31) a uma idosa de 95 anos em São Francisco do Sul. Nem Bolsonaro nem a mulher usavam máscara. Ele também tirou fotos com apoiadores na rua e tomou caldo de cana.
Antes ele foi brincar ao volante de um carro, fazendo manobras radicais, no parque temático Beto Carrero e visitou a loja de um empresário, seu apoiador.
A expectativa é que Bolsonaro retorne a Brasília na segunda-feira (3), quando deve voltar aos trabalhos no Palácio do Planalto. Esta é a terceira vez que o presidente vai ao litoral catarinense este ano para farrear.
Criticado por tirar férias em meio às fortes chuvas que atingiram várias regiões do país, Bolsonaro tenta esconder o descaso com as vítimas das enchentes publicando fotos de ações da FAB (Força Aérea Brasileira) em apoio a áreas atingidas.
Neste domingo (2), em uma sequência de tuítes ele alega que o governo federal colocou as Forças Armadas para auxiliar os municípios atingidos pelas fortes chuvas.
As ações tiveram início em 11 de dezembro e incluem distribuição de água potável, cestas básicas e medicamentos, liberação de vias e equipes médicas.
A Bahia está com 32,7 mil desabrigados por causa das fortes chuvas que caíram no sul do Estado. O número de desalojados (pessoas que também perderam os imóveis, mas foram alocadas em casas de familiares) está em 53.934.
O número de mortos é de 25 e o de feridos 517. São 153 cidades baianas em situação de emergência, em números do (1º de janeiro)
Em Minas, as chuvas deixaram 12.783 desalojados em todo o Estado. Seis pessoas morreram, 3.017 estão desabrigadas e 124 municípios estão em situação de emergência. Minas está em estado de alerta, com previsão de fortes chuvas por estes dias. Na Bahia, o rio Cachoeira, no sul do Estado, baixou o volume sensivelmente, mas deixando um rastro de destruição ao longo das suas margens, que precisará de apoio financeiro e tempo para ser reconstruído.
Bolsonaro chegou a visitar a Bahia em 12 de dezembro e sobrevoou as regiões afetadas, mas não retornou ao local desde as chuvas mais recentes e o crescimento da tragédia.
Ele também tirou folga no Guarujá, litoral sul de São Paulo, entre os dias 18 e 22. Apesar do empenho em aproveitar as férias, ele jura de pés juntos que tem acompanhado a crise. Bem de longe.
E não quer proximidade com qualquer coisa que signifique governar o país. Na semana passada, disse para apoiadores catarinenses que esperava “não ter que voltar antes” a Brasília.
Não é por outro motivo que a hashtag #BolsonaroVagabundo ganhou força nas redes sociais e se tornou o assunto mais comentado do momento no Twitter.