Venda reforça política de lucro máximo para acionistas estrangeiros
A direção da Petrobrás concluiu, ao apagar das luzes de 2021, a venda da totalidade de sua participação em 27 campos de exploração e produção de petróleo localizadas no Espírito Santo, denominados conjuntamente Polo Cricaré. Em uma negociação de US$ 155 milhões, os campos foram arrematados por um consórcio formado pela Karavan O&G e a Seacrest.
O Polo Cricaré compreende 27 concessões terrestres localizadas nos municípios de São Mateus, Jaguaré, Linhares e Conceição da Barra e têm capacidade de produção de média de cerca de 1,7 mil barris por dia de óleo e 14 mil metros cúbicos por dia de gás.
Segundo o informe da Petrobrás, a operação foi concluída com o pagamento de US$ 27 milhões à estatal. O valor recebido no fechamento se soma ao montante de US$ 11 milhões pagos à companhia na assinatura do contrato. O acordo prevê também outros US$ 118 milhões em pagamentos contingentes relacionados a preços futuros do petróleo.
Na segunda-feira (27) a empresa já havia comunicado a assinatura de contrato de cessão com a empresa Aguila Energia e Participações Ltda. (Aguila) no bloco exploratório de petróleo onshore POT-T-794, localizado na Bacia Potiguar, no estado do Rio Grande do Norte. A Petrobrás, em conjunto com a Sonangol Hidrocarboretos e Participações Ltda, passaram a totalidade da participação de ambas no bloco.
Antes, na quinta-feira (23), a direção da Petrobrás informou a assinatura de contrato para a venda da totalidade de suas participações em um conjunto de 11 concessões de campos de produção terrestres, com instalações integradas, localizadas no estado de Sergipe, denominados conjuntamente de Polo Carmópolis.
A alienação de ativos da companhia está de acordo com a estratégia de transformar a Petrobrás numa empresa dedicada exclusivamente a exploração de petróleo cru e sua exportação, em atendimento aos interesses dos já poderosos acionistas estrangeiro da companhia.
Contando com a aquiescência do governo Bolsonaro, esses interesses querem extrair a maior quantidade de petróleo do Pré Sal, cujo custo de produção está em torno de US$ 13 o barril, enquanto o preço de venda do barril de petróleo chega até US$ 80 no mercado internacional. Os propósitos da Petrobrás como uma empresa estratégica para alavancar o desenvolvimento da economia nacional e a segurança energética do país, garantindo energia para o abastecimento interno de consumidores – e especialmente do parque industrial existente e o que precisa ser desenvolvido – estão subvertidos.
Dentro dessa lógica, foram abandonados os projetos de novas refinarias e as existentes foram sucateadas, o que vem tornando o Brasil grande importador de gasolina e outros derivados. Como efeito imediato da política de desmonte da estatal e de paridade com preços internacionais, está a disparada dos preços dos combustíveis. A gasolina, por exemplo, acumula inflação de mais de 50% nos 12 meses até novembro passado, com preços nas bombas chegando a absurdos R$ 7,30.