O incêndio que atingiu no domingo (2) o complexo do Parlamento da África do Sul, na Cidade do Cabo, foi controlado, anunciaram os bombeiros nesta segunda-feira (3).
“O incêndio foi controlado a partir da meia-noite, e as equipes no local foram reduzidas progressivamente”, relatou o porta-voz dos bombeiros, Jermaine Carelse.
O presidente do país, Cyril Ramaphosa, visitou o local para avaliar os danos.
“É um acontecimento devastador e terrível, particularmente depois de ter dado ao ‘arch’ [apelido dos sul-africanos para o arcebispo emérito Desmond Tutu] o que eu chamaria de melhor despedida possível ontem”, disse o presidente, referindo-se ao funeral de Estado realizado no sábado em homenagem a Tutu, falecido em 26 de dezembro.
A causa do incêndio ainda é desconhecida, mas as autoridades já analisam as imagens gravadas por câmeras de segurança. Nas primeiras horas do sinistro, não foram encontrados mortos nem feridos.
A polícia confirmou que um suspeito está sendo interrogado sobre o incidente. De acordo com a polícia, ele será apresentado à Justiça na terça-feira, e pode ser acusado de invasão de propriedade, roubo e incêndio criminoso.
O edifício histórico que abriga uma valiosa coleção de livros e a cópia original do primeiro hino nacional em afrikaans, “Die Stem Suid-Afrika” (A Voz da África do Sul), cantado durante o apartheid, foi seriamente danificado.
“A Câmara dos Deputados foi totalmente destruída pelas chamas”, disse o porta-voz do Parlamento, Moloto Mothapo.
“O telhado do antigo prédio que abrigava a Assembleia Nacional desabou, nada restou dele”, disse a repórteres Jean-Pierre Smith, chefe dos serviços de segurança e emergência da cidade. “O conjunto sofreu grandes estragos com a fumaça e a água” utilizada no combate às chamas, acrescentou.
Cerca de 20 socorristas permanecem no local, pois o incêndio continua ativo na parte mais antiga do edifício. Nela, há vários tesouros, entre obras de arte e patrimônio que remontam ao século XVII.
O complexo parlamentar sul-africano é composto por três edifícios, o mais antigo concluído em 1884, enquanto os outros dois datam da primeira metade do século 20 e comportam as duas câmaras do Parlamento.
Foi no Parlamento que o último presidente sul-africano branco falecido em novembro, Frederick de Klerk, anunciou em fevereiro de 1990 o fim do regime racista do apartheid.
Os anexos recentes foram construídos nas décadas de 1920 e 1980.
A Cidade do Cabo é, desde 1910, a sede do Parlamento, composto pela Assembleia Nacional e uma câmara alta chamada Conselho Nacional das Províncias, enquanto o governo tem sua sede em Pretória.