Analisando os dados já disponíveis sobre o desempenho do setor produtivo no ano passado, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) conclui que 2021 foi marcado pelo retrocesso do setor industrial.
Resultado da política econômica de arrocho, de promoção do desemprego e zero investimentos capitaneada por Bolsonaro e Paulo Guedes (Economia), a indústria como um todo caminha para encerrar os dados de 2021 em um patamar 4,1% inferior aos níveis pré-pandemia.
“Com o avançar do ano, está claro que 2021 não é um ano de recuperação para a indústria brasileira”, resume o Iedi em análise.
Considerando o desempenho mês após mês, o estudo do Iedi diz que além de o PIB da indústria ter ficado estagnado, a indústria de transformação não registrou um trimestre sequer de expansão no ano passado até o terceiro trimestre: -0,4% no 1º trimestre, -2,5% no 2º, e -1,0% no 3º trimestre de 2021.
Ao todo, oito dos dez meses cobertos por estatísticas do IBGE (pela Pesquisa de Produção Física) ficaram no vermelho, registra a análise. Na pesquisa mais recente, a produção física da indústria caiu mais uma vez na comparação mensal: -0,6% em out/21 ante o mês anterior com ajuste.
“É um retrocesso persistente e também difundido entre os distintos ramos industriais, pois atingiu 19 dos 26 ramos acompanhados na passagem de set/21 para out/21, o equivalente 73% do total do setor”.
Assim, os macrossetores colecionam resultados majoritariamente negativos e generalizados:
Indústria geral: -0,8% em ago/21; -0,6% em set/21 e -0,6% em out/21;
Bens de capital: -1,2%. -1,1% e +2,0%, respectivamente;
Bens intermediários: -0,6%; -0,2% e -0,9%;
Bens de consumo duráveis: -3,7%; -0,6% e -1,9%;
Bens de consumo semi e não duráveis: +0,6%; -0,2% e -1,2%, respectivamente.
O Iedi sublinha que em alguns casos, como a produção do setor de bens de consumo duráveis, não houve nenhum mês de crescimento nos níveis de produção em 2021 até outubro.
“É a parte da indústria que volta a flertar com a crise: está 24,4% abaixo do pré-pandemia e apresenta perdas de dois dígitos na comparação com o mesmo período do ano passado: -17,4% no 3º trim/21 e -27,8% em out/21”.
Bens de consumo semi e não duráveis e bens intermediários também não ficaram atrás, registrando quedas de -1,2% e -0,9%, respectivamente, na passagem de set/21para out/21, já descontados os efeitos sazonais, e de -10,3% e -6,3% em comparação com out/20.
Ambos estão em patamares inferiores aos níveis pré-pandemia: -7,9% e -1,1%, respectivamente.
“São atividades que além dos gargalos no fornecimento de insumos também têm sofrido importante pressão de custos devido à evolução dos preços de commodities”, diz o instituto.
“Para bens de consumo semi e não duráveis, há ainda o peso do alto desemprego e queda do poder de compra da população, refletindo, por exemplo, em perdas de -4,2% em alimentos, -4,1% em vestuário e -1,8% em higiene e limpeza agora em out/21”.