O Hospital da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo está promovendo um corte de cerca de 16% do quadro de funcionários, em mais uma tentativa, de superar a grave e intensa crise financeira que enfrenta desde 2014. Cerca de 1400 profissionais serão desligados.
Nos últimos meses, médicos foram demitidos e, segundo denúncias recebidas pelo Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), o hospital pretende pagar apenas 20% de multa rescisória, sendo que são 40% definidos pela lei. “Segundo as denúncias que recebemos, a Santa Casa está induzindo os médicos a assinarem ‘acordo’, aceitando receber menos pelas demissões. Este é um exemplo de perda de direitos provocado pela reforma trabalhista”, explica Eder Gatti, presidente do Simesp e completa: “Mais uma vez a Santa Casa transmite aos seus funcionários o fardo de sua crise financeira, gerada por administrações ruins.”
O hospital atende apenas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e atualmente trabalha com um déficit de R$ 10 milhões mensais. A administração da Instituição disse que o corte de funcionários será feito aos poucos, até o fim do ano. Maior hospital filantrópico do país, a Santa Casa atende 2,5 milhões de pessoas e faz mais de 4 milhões de procedimentos médicos por ano. Na capital, é o único hospital filantrópico de portas abertas.
A Santa Casa atualmente possui uma receita de R$ 59 milhões por mês, com um gasto de R$ 57 milhões. A maior parte é destinada para o pagamento de funcionários. Porém, o principal problema do hospital é honrar uma dívida antiga com bancos. Um acordo para quitar o empréstimo foi definido em parcelas de R$ 10 milhões por mês.
Os médicos ainda denunciam que internações estão bloqueadas e alguns procedimentos e serviços estão suspensos. Há falta de recursos humanos e insumos básicos, como seringas. “Infelizmente falta transparência na gestão da Santa Casa, o que dificulta sabermos qual é a real situação da instituição”, salienta o presidente do Simesp. “A conta da dívida é paga pelos trabalhadores, com demissões e privações de direitos e pela população, que sofre com a falta de assistência à saúde. É um desrespeito com aqueles que pagam impostos para manter a Santa Casa”, avalia.
O início da crise, em 2014, levou a Santa Casa a fechar o pronto-socorro por um tempo. No ano seguinte, 1500 funcionários foram demitidos.