Comentário se deu em função da irritação do mandatário com as medidas de proteção contra a Covid-19, anunciadas pelo comandante do Exército
O ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto Santos Cruz, afirmou no sábado (8), em entrevista a O Globo, que Jair Bolsonaro faz um “show de besteiras” todos os dias. A afirmação referiu-se à irritação manifestada por Bolsonaro com as medidas anunciadas pelo Comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, para proteger a tropa contra a Covid-19.
O comunicado interno do Exército determinou que todos os militares que retornarem ao serviço presencial apresentem comprovação de vacinação e que tomem cuidados como uso de máscara, distanciamento e higienização das mãos. O documento também orientou que os militares não se deixem manipular por informações falsas e não contribuam com a disseminação de fake news sobre a pandemia. Pede que sejam checadas as fontes de informação antes de compartilharem determinadas notícias.
Num dos trechos do documento que aborda a questão da pandemia, pode-se ler as orientações quanto aos cuidados no trabalho presencial: avaliar o retorno às atividades presenciais dos militares e dos servidores, desde que respeitado o período de 15 (quinze) dias após imunização contra a Covid-19 (uma ou duas doses, dependendo do imunizante utilizado). Os casos omissos sobre cobertura vacinal deverão ser submetidos à apreciação do DGP (Departamento Geral do Pessoal) para a doção de procedimentos específicos.
Como disse o general Santos Cruz: “Eu vejo que as recomendações foram de caráter técnico e administrativo para organizar como enfrentar a pandemia no ambiente de trabalho, recomendação para que o pessoal não fique espalhando coisa falsa na internet sem ver a origem”. “Achei de muito bom senso, achei que o comandante fez o que o comandante tem que fazer, orientar o pessoal”, afirmou.
“A recomendação do comandante do Exército é puramente administrativa, ela não tem conotação política nenhuma. Estão querendo dar conotação política em uma coisa que não tem. Ele está orientando o pessoal só”, disse o general. “Sobre o presidente eu não vou nem fazer comentário nenhum porque é todo dia um show de besteira. Eu não vou fazer nenhum comentário sobre ele porque é perda de tempo”, ressaltou Santos Cruz.
Bolsonaro teria ficado irritado porque não quer que os militares sejam imunizados e também porque é um disseminador de fake news. Ele já disse que quem se protege contra o vírus é “marica”. É um defensor fanático da tese genocida da imunidade de rebanho. Ou seja, de que a população – neste caso, os militares – não se proteja contra o vírus. Sempre advogou que o coronavírus agisse livremente no Brasil.
O espalha-vírus, que agora está também empenhadíssimo em que as crianças brasileiras sejam infectadas – considerou “quase zero” o número oficial de 311 crianças mortas por Covid-19 – também demonstrou intenção de que os recrutas do país sejam acometidos pela doença. Não quer que se tome nenhum cuidado nos quarteis.
Por conta desse tipo de insistência macabra, o país demorou a iniciar a vacinação e o país pagou com a tragédia de mais de 600 mil mortos por Covid-19. Dois terços destas mortes, segundo a maioria dos especialistas, poderiam ter sido evitadas com a vacinação e outras medidas sanitárias combatidas por Bolsonaro.