O executivo Dario Galvão Filho, da Galvão Engenharia, afirmou ter pago R$ 1 milhão em 2008 para o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD, ex-DEM). Em troca, o ex-prefeito direcionou a licitação da obra de um túnel sob a Avenida Domingos de Moraes, para que a empreiteira ganhasse a disputa. A propina foi disfarçada em doação ao diretório nacional do DEM para a campanha de Kassab.
Dario relatou que, em 2008, foi procurado por José Rubens Goulart Pereira, sócio da empresa, dizendo que tinha se encontrado com Kassab a pedido do político. Na reunião, teriam tratado de uma obra licitada pela prefeitura. A administração dirigiria a obra para a Galvão Engenharia em troca de doação à campanha.
Entre os documentos apresentados por Dario, estão um comprovante de transação bancária em que transferiu R$ 1 milhão para o diretório nacional do DEM com data de 26 de setembro de 2018. Ele também entregou documentos relativos à licitação.
Kassab foi eleito em 2008. Já ocupava a prefeitura, após ser vice de José Serra (PSDB) de 2005 a março de 2006. O político não deu andamento à obra. Todos os prefeitos que o sucederam deixaram a obra de lado.
Atualmente ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do governo Michel Temer, o ex-prefeito já é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de recebimento de vantagens indevidas da Odebrecht, em 2008 e 2009, que teriam sido desviadas de contratos de obras viárias no estado de São Paulo.
O depoimento do executivo, prestado em 5 de setembro de 2017, foi anexado ao inquérito aberto no STF. O pedido para incluir o documento foi feito na semana passada pelo vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia. O inquérito está nas mãos do ministro Luiz Fux, por não se tratar da Lava Jato.