Cerca de 30 mil pessoas enfrentaram gigantesca fila, em torno do Estádio Engenhão, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, no dia 1º de Maio, para se cadastrarem em uma das 5 mil vagas oferecidas no feirão de emprego, organizado por voluntários ligados à Igreja Católica.
A fila de desempregados chegou a cerca de 2 km e teve início na manhã de segunda-feira na véspera do feriado do Dia do Trabalhador. Segundo Patrícia Pereira do bairro Bangu, na Zona Oeste da cidade carioca, ela chegou ao local por volta das 9 horas da manhã, trazendo consigo uma cadeira de praia e comida para aguentar a madrugada. “Como está todo mundo desempregado, a gente faz o possível e o impossível para poder né! Dar uma melhorada”, disse a auxiliar de serviços gerais, que está desempregada há mais de um ano.
Segundo o segurança Alex Bastos, que está procurando emprego há pelo menos dois anos, a alternativa para sobreviver foi virar ambulante. “Há dois anos trabalhando, vendendo sanduíche e suco natural na praia para poder sustentar eu e minha família”, disse Bastos na expectativa de sair do Engenhão com boas notícia para família.
Responsável pelo sustento de sua casa, Lindinalva Ramos, de 46 anos, está também há dois anos procurando emprego. “Tenho curso de auxiliar de enfermagem. Já fui recepcionista numa clínica e tenho curso de cuidadora de idosos. Estou há dois anos desempregada, então fico fazendo um bico aqui outro ali, faço faxina, passo roupa. Não posso parar de trabalhar, porque sou responsável pela minha casa e pela minha filha”, disse.
Há oito meses desempregado, Deivison Alves, de 43 anos, também sonha com umas das 5 mil vagas. “Tem muito tempo parado, as contas chegando, aluguel atrasado, e aí fica complicado, criança também, criança pequena fica pedindo…”, declarou com os olhos lacrimejantes.
Para o casal Marivaldo Lima Faria e Edilane Cristina Souza, ambos desempregados, a situação tem que mudar, pois eles querem ver seus quatro filhos bem. “Se eu não conseguir de motorista, eu vou para a obra também. Se tiver que fazer um buraco eu vou fazer, se tiver que fazer uma obra eu vou fazer, se tiver que desentupir um esgoto eu vou fazer também, o negócio é ver minhas crianças bem”, disse Marinalvo.
A catástrofe do desemprego, provocada pelo arrocho fiscal de Dilma & Levi e Temer & Meirelles – com a tranferência de recursos públicos para os bancos, juros reais entre os mais altos do mundo e queda nos investimentos públicos, atingiu 13 milhões e 689 mil pessoas no país em março, segundo dados divulgados, no dia 27 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estado do Rio de Janeiro é o quarto maior em número de desempregados no país. A taxa de desemprego é de 15,1%, acima da taxa nacional que subiu para 13,1% no trimestre encerrado em março com mais 1 milhão e meio de pessoas lançadas no desemprego.
As declarações dos entrevistados foram reproduzidas do G1, R7, EBC, entre outras agências de notícias.
ANTÔNIO ROSA