A Polícia Federal chegou ao responsável pelo transporte de dinheiro da Odebrecht aos marqueteiros de campanha da senadora Gleisi Hoffmann. A presidente do PT foi denunciada, ao lado de Lula, Palocci, seu marido Paulo Bernardo e Marcelo Odebrecht, por corrupção e lavagem de dinheiro.
Trata-se de Geraldo Pereira Oliveira, ex-funcionário da Transnacional, empresa famosa pelo transporte de valores de alvos da Operação Lava Jato. O aposentado já compareceu à PF para contar sobre o dia em que deixou seu nome registrado na portaria do prédio onde trabalha o marqueteiro da petista.
Ele também já esteve na PF para contar sobre o dia em que bateu à porta de um assessor do presidente do PP, o senador Ciro Nogueira. Em depoimento à Polícia Federal no mês de fevereiro, o ex-funcionário da Transnacional reconheceu, por meio de fotografia apresentada a ele, Lourival Ferreira Nery Júnior, assessor de Ciro Nogueira. Também disse se lembrar do edifício La Defense, na Rua Ministro Godói, no bairro de Perdizes, São Paulo, em que Lourival morava.
Até mesmo a fotografia de Geraldo Oliveira, o entregador de dinheiro, foi encontrada nos registros de entrada e saída do prédio onde fica a empresa dos responsáveis pela campanha de Gleisi. A senadora foi denunciada, na segunda-feira (30), por receber vantagens indevidas de R$ 5 milhões nas eleições de 2014.
A denúncia expõe que Gleisi fez, em datas próximas aos repasses, 13 ligações para Benedicto Júnior, o ‘BJ’. Seu chefe de gabinete, Leones Dall’Agnol, fez outras quatro ligações e enviou mensagens de texto ao celular do ex-executivo da Odebrecht. O departamento de propinas da empresa providenciava os pagamentos via doleiros.
Na colaboração premiada de seus executivos, a empreiteira confessou que utilizava o doleiro Álvaro Novis para operacionalizar pagamentos a políticos. Novis, por sua vez, admitiu que sua empresa, a Hoya Corretora, utilizava os serviços da Transnacional.
A empresa é citada diversas vezes na Operação Lava Jato. Funcionários da Transacional têm sido chamados a depor, pelas autoridades que buscam o rastro de propinas da empreiteira a políticos. Geraldo é peça importante nesse quebra-cabeça, já que trabalhou na empresa entre 2012 e 2015.
Segundo as investigações, ‘constam três entradas de Geraldo Pereira, da empresa “TRANS”: dias 23/10/2014, 31/10/2014 e 07/10/2014’, no prédio dos marqueteiros de Gleisi. A fotografia dele, ao se cadastrar no prédio, está nos autos.
De acordo com o depoimento de Geraldo, ‘excepcionalmente, quando algum recebedor solicitava a verificação, era aberto o pacote e contavam as ‘cabeças’ – nome dado a ‘pacotes de 100 cédulas de um mesmo valor’. Ele disse ainda que, inicialmente, o limite de entregas era de R$ 250 mil, mas, em 2014, o montante foi ‘flexibilizado’ e começou a ser ‘frequente’ o transporte acima de R$ 500 mil.