O presidente dos EUA, Joe Biden, insultou o correspondente da Fox News, Peter Doocey, durante uma entrevista coletiva na Casa Branca.
Como registra um vídeo, o jornalista pode ser ouvido gritando uma pergunta sobre a inflação – que é a maior desde 1982 – para o presidente.
“Você acha que a inflação é um passivo político antes das eleições de meio de mandato?”
Biden tenta se safar, apelando para a ironia. “Não, isso é um grande trunfo. Mais inflação”.
Mas não consegue dominar a irritação e murmura no microfone, que aparentemente deveria estar desligado. “Que fdp estúpido!”.
Depois da coletiva, diante da péssima repercussão, Biden telefonou ao jornalista para lhe dizer que “não foi nada pessoal” – uma frase muito americana e, aliás, muito apreciada por negocistas e mafiosos.
Por sua vez, o jornalista da Fox News garantiu a Biden que vai continuar “fazendo perguntas incômodas”.
DESCONTROLE
O descontrole da inflação se tornou motivo de enorme debate nos EUA – está em 7% -, depois de ter sido inicialmente considerada “temporária”.
Entre as causas, as conseqüências econômicas da pandemia, em meio a disrupções nas cadeias de suprimento globais e caos nos portos americanos, preços de monopólio e os efeitos da política de estoques “just in time” para maximalização de lucros, em um país que externalizou para a Ásia boa parte da sua produção industrial e agora depende intensamente das importações.
Segundo os neoliberais mais recalcitrantes, é o “excesso” de dinheiro na mão do povo, da ajuda do governo durante a pandemia, que estaria empurrando a inflação.
Uma das medidas que poderia amenizar a alta de preços – o corte das pesadas tarifas adicionais de até 25% impostas sobre as importações da China por Trump, que é paga pelos consumidores norte-americanos – esbarra na histeria anti-China prevalecente nos EUA nos tempos atuais.