O Brasil registrou 799 mortes causadas pela Covid-19, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). É o maior número de óbitos desde 22 de setembro, quando foram assinaladas 876 mortes.
Na sexta-feira passada (21), foram registrados 358 óbitos. Com os registros, o País atingiu 625.884 vidas perdidas por conta da doença. O levantamento do Conass apontou ainda 269.968 novos casos de Covid-19 em 24 horas, superando pelo terceiro dia consecutivo o recorde nacional na contagem diária de casos. No total, já foram 25.034.806 de registros desde o início da pandemia.
A média móvel de novos registros nos últimos sete dias chegou a 183.289 casos. Já a média móvel de mortes foi de 474. Na sexta-feira da semana passada, a média era de 252. A taxa de letalidade da Covid está em 2,5%.
Diversas autoridades e instituições de saúde alertam, contudo, que os números reais devem ser ainda maiores em razão da falta de testagem em larga escala e da subnotificação.
A taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes está em 297,8 no Brasil, a 14ª mais alta do mundo, atrás de alguns pequenos países europeus e do Peru. Em números absolutos, o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 880,9 mil óbitos, mas têm população bem maior.
É ainda o terceiro país com mais casos confirmados, depois de EUA (73,7 milhões) e Índia (40,6 milhões).
Ao todo, mais de 368,6 milhões de pessoas contraíram oficialmente o coronavírus no mundo, e foram notificadas 5,64 milhões de mortes associadas à doença, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
NÃO VACINADOS SUPERLOTAM LEITOS
Com o alto número de casos, houve aumento também na procura por leitos em hospitais para tratar a Covid-19. Ao menos, dez capitais estão com mais de 80% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados.
As capitais Belo Horizonte (82,1%), Campo Grande (89,7%), Curitiba (85%), Florianópolis (84,3%), Goiânia (95,6%), Macapá (90%), Manaus (82%), Porto Velho (91,7%), Rio Branco (90%) e Vitória (82,7%) são as capitais do país com piores índices de ocupação.
No Sírio Libanês, hospital referência na capital paulista a exemplo, a taxa de ocupação de leitos gerais do hospital já está em 82% e há 21 pessoas na UTI internadas com Covid-19.
A infectologista do Sírio Libanês, Mirian Dal Ben, disse que o que é observado em São Paulo é bem parecido com o que se viu em outros lugares do mundo, como Reino Unido e Estados Unidos.
“A gente vê que a maior parte das pessoas que internam e precisam de um leito de UTI são principalmente pessoas não vacinadas, ou pessoas que têm alguma comorbidade que faz a resposta à vacina ser menor”, afirmou.
Ela pontua que também existem pacientes internados que se vacinaram contra o coronavírus, “mas bem menos”. “O que a gente observa é que os quadros clínicos são muito diferentes da outra onda”, argumenta.
A infectologista disse que os internados vacinados usam poucos dias de oxigênio quando necessário, não precisam ir para a Terapia Intensiva e melhoram muito mais rápido. “Quem a gente vê com o padrão de infecção de ficar internado por muito tempo são os não vacinados”, declarou.
No Rio de Janeiro, a proporção alcança atualmente 88% dos internados quando considerados também pacientes que não completaram o esquema vacinal, ou seja, que estão com a segunda ou a terceira dose em atraso.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que vê aumento da ocupação de leitos em todo o país, aponta que a rede pública de saúde é pressionada por “uma parte considerável da população que ainda não recebeu a dose de reforço e outra parcela nem foi vacinada”.
A vacinação incompleta afeta principalmente os idosos: pessoas a partir de 60 anos que não tomaram as três doses têm 17 vezes mais chance de serem internadas, segundo dados mais recentes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
O índice de internação de idosos sem vacina e vacinação incompleta é de 429 por 100 mil habitantes na capital, a taxa cai para 25 quando considerados idosos internados com dose de reforço.
Contaminados que não se imunizaram ou não completaram o ciclo vacinal também formam a maioria dos casos graves na Bahia. A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que 80% das pessoas internadas com a Covid-19 no estado da Bahia não se vacinaram contra a doença ou não tomaram a segunda dose do imunizante. De acordo com o boletim do órgão, as regiões sul e extremo sul são aquelas onde a imunização é mais lenta.
No Distrito Federal, segundo a Secretaria de Saúde, cerca de 90% deles não receberam nenhuma dose das vacinas disponíveis contra a doença — condição ainda de 200 mil pessoas na capital do país. Nesta semana, a ocupação de leitos adultos de UTI Covid chegou a 100% no DF.