Bolsonaro voltou a dizer que os servidores públicos federais só terão reajuste salarial em 2023, assim como no último final de semana, também afirmou que as carreiras de segurança pública não terão o prometido aumento este ano.
Acuado pelas manifestações dos servidores públicos federais e a ameaça de greve geral em março, e pelos policiais federais, cujas lideranças já afirmaram que caso ele não cumpra a promessa de reajuste, a categoria vai entender isso como “traição”, o aceno de reestruturação das carreiras para o ano que vem é mais uma engabelação de Bolsonaro.
“Tendo em vista que nós devemos ter uma excelente arrecadação no corrente ano por ocasião da feitura do orçamento para 23, nós vamos atender um percentual bastante razoável para todos os servidores públicos do Brasil”, afirmou Bolsonaro em entrevista à Record TV, na segunda-feira (31).
Bolsonaro quer, com mais essa promessa, tentar amainar os ânimos dos servidores, mas, conforme uma alteração na Lei de Responsabilidade Fiscal, feita no seu próprio governo, é proibido qualquer ato que resulte em aumento da despesa de pessoal após o fim de um mandato, isso mesmo que o mandatário se reeleja.
Como sempre, sem nenhum compromisso com a verdade, Bolsonaro disse em uma entrevista na Rádio Jovem Pan, no dia 19, que conversou “com o pessoal sobre o Orçamento para o ano que vem”.
“Sei que está bastante longe ainda, mas, por ocasião da feitura do mesmo, obviamente que os servidores serão contemplados com o reajuste salarial merecido”, disse.
“O presidente não pode propor isso, até porque o Orçamento de 2023 quem vai orientar é o próximo governo. A Câmara e o Senado não vão aprovar nada que seja complicador para a próxima gestão, que pode ser ele mesmo (Bolsonaro). Ele pode até encaminhar, mas ele vai ter que arranjar brecha no orçamento e na lei. Não pode aumentar antes nem depois, tem um prazo”, afirmou o deputado Hildo Rocha (MDB-MA).
No entanto, para as lideranças do movimento dos servidores públicos que reivindicam recomposição salarial em 2022, como o Auditor Federal de Finanças e Controle, Bráulio Cerqueira, presidente do Unacon Sindical, “falta apenas vontade política para a recomposição das perdas inflacionárias, pois recursos existem”.
Para o presidente do Fonacate (Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado), Rudinei Marques, “reajuste em 2023 é uma promessa irrealizável. E vai reforçar a indignação dos servidores que forem preteridos na recomposição salarial”.