No Meia Noite em Pequim, da TV Grabois, o pesquisador e escritor Elias Jabbour, investiga a guerra semiótica contra a China, que é descrita por certos críticos praticamente como um “inferno da Terra”, e aconselha seu público olhá-los com o devido censo crítico.
É aquele tipo de argumentação em que Jabbour é acusado de ‘propagandista chinês’ e de se recusar a ver a ‘luta de classes’, os ‘direitos humanos’, o ‘capitalismo’ na China.
Desses, provavelmente os críticos mais furibundos são os que se consideram ‘marxistas’ e ‘radicais’, sempre muito aguçados quando se trata da China mas com o hábito de se calarem diante de certos acontecimentos, como a guerra na Síria, o ataque à Líbia.
Ou seja, ‘marxistas’ que não levam em consideração a centralidade da luta anticolonial.
Jabbour refuta tais acusadores, assinalando que as pesquisas dele têm como embasamento a visão de desenvolvimento de Hegel e Marx.
O processo de salto de um ponto de desequilíbrio para outro ponto de desequilíbrio. O que significa que o desequilíbrio, a contradição, é o motor do desenvolvimento.
O fato de que a China conseguiu se antecipar a certos desequilíbrios e implementar mudanças institucionais capazes de desatar os nós que levam a esses desequilíbrios é o que explica, para Jabbour, os 40 anos de crescimento chinês.
Não é que ele ignore as ‘contradições na China’- explica -, mas que seu foco está voltado para essas ondas de mudanças institucionais que servem, em última instância, para adaptar as relações de produção às novas forças produtivas criadas.
Que caminham para responder aos desafios sociais, tecnológicos, ambientais e imperialistas, para todas essas questões.
Para Jabbour, tais fiscais da pureza da análise da ‘luta de classes’ fazem isso sem se aperceberem de que estão reproduzindo uma filosofia pré-hegeliana e embarcam na separação entre sujeito e objeto.
Desses, não há quem se compare aos ‘marxistas acadêmicos’: vai contestar um sujeito desses, desabafa o pesquisador, e logo vem a pecha de ‘panfletário’.
Sem falar na arrogância em relação ao Oriente.
Estão sempre com o check list do socialismo debaixo do braço, com sua crítica apriorística e moralista. ‘Cara’, capitalismo é ruim – ao invés de ser uma experiência histórica. ‘Coroa’, viva a utopia…
Para encerrar, Jabbour revela como vê a ‘luta de classes’ na China.
“Eu olho para a história chinesa e vejo aquele camponês rebelde histórico que fez revoltas, derrubou dinastias e foi o sujeito principal da revolução em 1949. E que agora virou operário urbano. 130 milhões em dez anos se tornaram operários urbanos, os operários mais combativos do mundo hoje. O que significa que essa capacidade combativa do proletário chinês novo que vai construir, que vai transformar e que vai manter a China fiel ao caminho do socialismo”.
Elias Jabbour é professor dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas e em Relações Internacionais da UERJ.