Os moradores do Jardim Santa Cândida, bairro de Curitiba onde está localizado o prédio da Polícia Federal no Paraná, onde Lula está preso há mais de um mês, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato, organizaram um abaixo-assinado, pedindo providências às autoridades contra o tumulto provocado pelo acampamento de apoiadores do ex-presidente. Ver também http://horadopovo.org.br/aumenta-a-tensao-no-acampamento-lulista/
Segundo o texto, encaminhado dia 28 à governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP), com cópia à Justiça Federal, os moradores relatam como suas vidas foram subitamente transformadas “numa verdadeira tempestade de insegurança, tumulto, barulho, mau cheiro e medo”.
“Essa baderna nos impede de ir e vir com tranquilidade e segurança, nos coloca medo em relação a nossas esposas e filhos, nos coloca a mercê de maus odores e ao risco de doenças em razão do lixo que por vezes se acumula”, diz o documento. “Vivemos acuados e amedrontados. Não conseguimos dormir em paz em nossas próprias camas” acrescenta.
Apesar do crescente esvaziamento que vem experimentando o acampamento, do qual cada vez menos pessoas participam, o ambiente é cada vez mais tenso. Após a chegada de Lula à cela especial reservada a ele na sede da PF, cerca de 500 manifestantes formavam o acampamento, com barracas espalhadas nas ruas e sobre as calçadas – a maioria membros do MST. De acordo com a organização, desde o dia 17 de abril são cerca de 70, que passaram a dormir em barracas em um terreno alugado há 800 metros do ponto principal dos protestos, o cruzamento das ruas Guilherme Matter com a Dr. Barreto Coutinho.
Os moradores lembram, no abaixo-assinado, que os acampados têm apoio de “seguranças” que, por vezes, “nos intimidam a não tentar fazer valer nossos direitos”. “O barulho também ultrapassa, em muito, os 70 decibéis permitidos por lei. São comuns os gritos com frases inapropriadas e palavras de baixo calão, inclusive músicas inapropriadas à audiência de nossos menores”, reclamam.
No documento, os moradores descartam a existência de “qualquer manifestação de posicionamento ideológico” em seu abaixo-assinado, mas cobram “rápida solução” e citam os “ânimos exaltados”.
“Somos cidadãos de bem e queremos que a Justiça se cumpra. Desejamos um Brasil melhor, desejamos a punição de criminosos condenados, desejamos o fim da corrupção. Mas queremos que a Justiça se cumpra para todos, inclusive para nós, que tivemos vários de nossos direitos violados, de forma repentina e agressiva”, diz o texto.