Em 2021, 40% dos entrevistados precisaram realizar bicos para ajudar na renda e 90% possuem algum temor em relação à sua vida financeira em 2022, principalmente de não conseguir pagar suas contas, segundo a Confederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL)
O cenário de aperto financeiro das famílias brasileiras se confirma uma vez que 83% tiveram que fazer cortes ou ajustes no orçamento em 2021, segundo pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), sendo que 59% tiveram que redirecionar o dinheiro para pagamento de contas do dia a dia, 35% para pagar contas em atraso e 25% para economizar e guardar dinheiro.
Por outro lado, 51% dos brasileiros acreditam que as condições da economia em 2021 pioraram em relação a 2020.
Entre os que realizaram cortes no orçamento, 55% reduziram as refeições fora de casa/delivery, 48% os itens supérfluos de supermercado e 44% cortaram a compra de vestuários, calçados e acessórios.
A pesquisa aponta, ainda, que quatro em cada dez brasileiros avaliam que a própria condição financeira piorou em 2021 (43%), enquanto 31% acreditam que não melhorou nem piorou, e para 23% houve melhora.
Em 2019, período pré-pandemia, a mesma pesquisa registrou os que acharam que a própria condição financeira piorou: foram de 26% dos entrevistados, ou seja, 17 pontos percentuais a menos do que agora em 2021. Os que acharam ter havido melhora foram 30% (2019), sete pontos percentuais a mais do que em 2021.
Entre os 40% que declararam que a suas situações pioraram em 2021, 35% vincularam essa piora ao desemprego, pois tiveram alguém na família que perdeu o emprego. O desemprego continua a golpear as famílias e seus orçamentos e, além disso, recontratações estão sendo feitas por salários inferiores.
Ainda nesse mesmo grupo, 60% consideram que seu salário/rendimento não aumentou na mesma proporção dos preços dos produtos/serviços e 44% tiveram redução da renda familiar.
Para o presidente da CNDL, José César da Costa, “o desemprego elevado é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes desafios a serem enfrentados pelo país e isso está ligado diretamente ao retorno do crescimento econômico, que ainda não alavancou. A renda da população foi fortemente afetada nos últimos dois anos e isso, somado aos preços elevados, traz insegurança para as famílias”.
De acordo com o levantamento, 55% dos consumidores estão insatisfeitos em algum grau com o padrão de vida atual. Por outro lado, 40% estão satisfeitos, sendo que 35% se dizem satisfeitos e 5% muito satisfeitos. Além disso, 46% alegam ter havido piora do padrão de vida em comparação ao período pré-pandemia.
Com relação aos meios de sustento atuais, 34% exercem trabalho autônomo, 22% trabalham com carteira assinada e 22% fazem trabalhos temporários ou “bicos”. Para manter ou aumentar seu padrão de vida, 40% precisaram realizar trabalhos extras; 29% utilizaram o cartão de crédito; e, para 17%, mais pessoas da família tiveram que trabalhar.
Entre aqueles que afirmaram ter sido necessário realizar “bicos” para manter ou aumentar o padrão de vida, 19% afirmam estar trabalhando como diarista ou lavando roupa, 19% realizando serviços gerais de manutenção e 17% revendendo produtos.
De acordo ainda com o levantamento, 92% dos consumidores deixaram de realizar algum projeto que tinham para 2021, principalmente juntar uma reserva de dinheiro (29%), comprar ou reformar a casa (25%), fazer uma grande viagem (25%), pagar dívidas em atraso (20%) e comprar um carro/moto (18%).
Em relação a 2022, nove em cada dez brasileiros possuem algum temor quanto a sua vida financeira em 2022 (90%), sendo os principais: não conseguir pagar suas contas (52%), quando em 2019 era 39%; não ser possível guardar dinheiro (39%); ter que desistir de consumir coisas que gosta (24%); e não conseguir um emprego (24%).
A CNDL entrevistou 600 brasileiros com idade maior ou igual a 18 anos, em várias regiões do país. A pesquisa foi feita em parceria com SPC Brasil e a Offer Wise Pesquisas.