
São 5,6 milhões de jovens entre 15 e 29 anos de um total 11,675 milhões no país
O Brasil possui 11,675 milhões de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham no Brasil, os chamados nem-nem. Desde contingente, 48%, ou 5,6 milhões de jovens estão nas regiões Norte e Nordeste. A participação é bem maior que os 38% que essas regiões representam do contingente total de jovens nessa faixa etária no país. Os dados são de um levantamento da IDados, com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do terceiro trimestre de 2021, divulgados pelo Valor nesta quinta-feira (10).
Os nem-nem representam 23,7% do total dos jovens na faixa etária entre 15 e 29 anos, na média brasileira. A maior parte desta porcentagem está no Nordeste (30,6%) e no Norte (26,6%). Entre os estados destas regiões com uma quantidade maior de jovens que não estudam e não trabalham estão: Maranhão (36%), Amapá (34,9%), Alagoas (34,1%) e Rio Grande do Norte (30,8%).
Em meio à crise econômica, que se agravou com a pandemia da Covid-19, iniciada em 2020, muitos desses jovens tiveram que largar os estudos em busca de trabalho, mas não encontraram.
No terceiro trimestre de 2021, a taxa de desemprego no Brasil estava em 12,6%, segundo o IBGE. No Nordeste, 16,4% buscavam uma vaga de trabalho – maior taxa entre as cinco regiões brasileiras. Por estados, o desemprego se aproximava dos 20%: em Pernambuco (19,3%), Bahia (18,7%) e Alagoas (17,1%).
Na região Norte, a taxa de desemprego também ultrapassou em muito a média nacional, com destaque para o Amapá (17,5%) e Maranhão (15%).
Segundo o professor da Uerj e economista da IDados Bruno Ottoni, “os jovens já enfrentam mais dificuldade para conseguir trabalhar por causa da falta de experiência. Em mercados de trabalho com mais desemprego, essa dificuldade se intensifica”.
Ottoni também expôs preocupações em relação aos nem-nem e o tempo de permanência nesta condição. Segundo ele, assim como no caso do desemprego de longa duração, quanto mais demorada for esta fase, maior será a dificuldade deste jovem ser inserido no mercado de trabalho.
“É um jovem que vai perdendo capital humano porque esquece o que aprendeu ou que aprendeu vai ficando defasado. E tem um problema maior ainda é que não acumula experiência no mercado de trabalho, o chamado ‘learning on the job’. No fim das contas, só vai tornando mais difícil sua entrada. E isso tem consequências para o jovem e para o país, que investiu desse jovem, a despeito do debate se a educação foi boa ou ruim”, disse Bruno Ottoni ao Valor Econômico.