O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, afirmou que o comunismo e o nazismo não podem ser igualados porque o “comunismo não chamou para o assassinato de grupos de pessoas e populações”.
Zonshine criticou, em entrevista, a fala do apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, de que os nazistas deveriam ter liberdade para se organizar enquanto partido político no Brasil.
“Dar legitimidade para a ideologia nazista é uma coisa grave. É uma coisa perigosa e já vimos no passado que ideologias podem passar para ações. Acho que não podemos ter qualquer tolerância nesse sentido, porque a ideologia nazista é racista. Inclui discurso de ódio e antissemitismo”, afirmou o embaixador à Folha de S.Paulo.
Depois do caso de Monark, Jair Bolsonaro tentou igualar o comunismo com o nazismo e defendeu que os partidos e organizações comunistas sejam “combatidos por nossas leis”.
O embaixador Daniel Zonshine rejeitou a tentativa de Bolsonaro. “Não vou entrar para ciências políticas nesse sentido, mas acho que ainda tem uma diferença entre o comunismo e o nazismo. Comunismo, até onde eu sei, não chamou para o assassinato de grupos de pessoas e populações”.
Jair Bolsonaro só condena o nazismo da boca para fora, uma vez que ele já se reuniu com neonazistas diversas vezes e mantém racistas em seu governo.
Em julho de 2021, Bolsonaro teve uma reunião com Beatrix von Storch, deputada do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que é neta do ministro das Finanças de Adolf Hitler, Lutz Graf Schwer, e levanta bandeiras xenofóbicas e racistas.
O Museu do Holocausto considera o Alternativa para a Alemanha como um partido com tendências racistas, sexistas, islamofóbicas, antissemitas, xenófobas e forte discurso anti-imigração.
Além disso, pelo menos dois membros de seu governo expressaram ideias nazistas e racistas. É o caso do ex-secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, que gravou um vídeo inspirado em uma imagem do ministro da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels.
No vídeo institucional, Alvim imitou a postura corporal de Goebbels e colocou o quadro de Jair Bolsonaro no mesmo lugar em que o nazista mantinha o de Hitler. O secretário bolsonarista ainda repetiu, com poucas alterações, uma fala de Goebbels sobre a “arte nacional”.
O ato foi tão claro e a resposta da sociedade tão negativa que Jair Bolsonaro teve que demitir Alvim.
Na época, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, tentou defender Roberto Alvim e acusar o comunismo de ser pior do que o nazismo.
“Muito mais assassino foi e é o comunismo/socialismo, que vive trocando de nome e se reinventando, porém segue matando por onde passa”. Segundo ele, “o comunismo matou +100 milhões de pessoas”.
Um assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, fez um gesto racista dentro do Senado Federal e não foi punido.
Ele se posicionou atrás do orador, onde sabia que iria ser gravado pela câmera, e fez com a mão um gesto usado pelos supremacistas dos Estados Unidos que remete ao “poder branco”.
Martins não foi demitido do governo Bolsonaro.
O embaixador Daniel Zohar Zonshine afirmou que é consenso na comunidade judaica e israelense que “não podemos aceitar (…) ideias que apoiam o nazismo e o neonazismo”.