
O blogueiro foragido da Justiça, Allan dos Santos, criou e está utilizando uma nova conta no Instagram, infringindo as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele tem usado a conta para fazer provocações contra o ministro Alexandre de Moraes.
A conta @allan.voltou tem cerca de 5 mil seguidores e passou a ser utilizada na segunda-feira (21). Ele divulgou o perfil em sua rede no Telegram.
Allan dos Santos está escondido nos Estados Unidos enquanto o governo Bolsonaro bloqueia a extradição autorizada pelo STF.
A decisão da Corte proíbe o blogueiro de gerenciar perfis nas redes sociais por ser parte de uma organização que produz e divulga fake news contra as instituições democráticas.
Durante a pandemia, Allan dos Santos também divulgou centenas de mentiras que atrapalharam o combate à Covid-19, como dizer que o coronavírus era inofensivo e que a cloroquina era um remédio milagroso.
No novo perfil no Instagram, Allan disse que “não parei e não pararei”. Ele se diz “exilado” nos Estados Unidos, mas o termo correto é foragido.
Ele também fez publicações tentando associar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, à organização criminosa PCC. Em outra postagem, falou que está “lutando contra o comunismo”.
No começo de fevereiro, Allan usou outro perfil no Instagram para publicar um vídeo cantando. A música dizia: “O cabeça de piroca pensa que pode me calar/ Não esperava que eu tenho amigos e estou livre agora”.
Allan dos Santos construiu sua “carreira” dando suporte às mentiras de Jair Bolsonaro, e recebeu um forte apoio financeiro em retribuição. Mensagens obtidas pela PF indicam que ele conseguiu patrocínio do empresário bolsonarista Luciano Hang por meio de Eduardo Bolsonaro.
Allan também morou em uma mansão de 600 m², em Brasília, cujo aluguel, de R$ 9 mil, era pago por Eduardo. A residência, que tem dois andares, conta com salão de festa, piscina com mesas de concreto dentro, banheiras, mirante, sauna, hidromassagem e seis quartos.
Quando as investigações sobre a rede bolsonarista de produção de fake news e ataques à democracia começaram a avançar, Allan dos Santos fugiu, de novo com ajuda de Eduardo Bolsonaro, para os Estados Unidos.
Depois que o STF autorizou o pedido de prisão e de extradição da Polícia Federal contra Allan dos Santos, o governo Bolsonaro se mobilizou para proteger o blogueiro.
A delegada da PF, Dominique de Castro Oliveira, que era a responsável pelo caso de Allan dos Santos na Interpol, foi transferida para a Superintendência do Distrito Federal por ter dado andamento ao processo.
Aos seus colegas, desabafou: “além da incredulidade, há a forte sensação de revolta e de estar sendo injustiçada”.
Ela já tinha revisado os documentos, produzido a minuta e pedido a inclusão de Allan na lista de difusão vermelha da Interpol. Logo em seguida, foi transferida. Até hoje, o nome de Allan dos Santos não foi incluído na lista.
Houve também outro caso de perseguição contra servidores que deram andamento ao mandado de prisão contra Allan dos Santos. A diretora de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, foi demitida logo depois de ter encaminhado o pedido de extradição.
A autorização do STF para a extradição e prisão de Allan dos Santos foi dada em outubro de 2021, mas até agora seu nome não foi inserido na lista da Difusão Vermelha da Interpol por interferência do governo Bolsonaro.