IPCA-15 foi a 0,99% em fevereiro, a maior taxa para o mês desde 2016, e vai a 10,76% em 12 meses. Em janeiro, a taxa ficou em 0,58%
A prévia da inflação apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) registrou em fevereiro a maior taxa para o mês dos últimos seis anos. Com variação de 0,99% -após aumento de 0,58% em janeiro – a inflação passou a acumular no índice alta de 10,76% em 12 meses. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A inflação do segmento educação, que inclui a variação de preços de mensalidades e material escolar, por exemplo, foi a principal influência da alta observada pelo IPCA-15. A variação ante janeiro foi de 5,64%.
Sem tréguas, contudo, a inflação dos alimentos é a que mais tem pesado no bolso da maior parte da população brasileira, especialmente em um cenário de desemprego, renda em queda e juros altos. De acordo com o IBGE, o preço dos alimentos teve alta de 1,20% em fevereiro, depois de já ter acelerado 0,97% em janeiro. Legumes, frutas e café foram os itens com maiores variações.
Os sucessivos reajustes dos preços dos alimentos, por exemplo, elevaram o custo de uma cesta básica (conjunto de alimentos básicos necessários para alimentar uma família em um mês) a R$ 713,86 em São Paulo em janeiro, segundo apurou o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
No grupo dos transportes, cujo conjunto de preços também vem pressionando a inflação desde o ano passado, a alta foi de 0,87%, dado o aumento dos preços do diesel (3,78%, que encarece os fretes) e da gasolina (0,15%).
No ano passado, a inflação oficial do país foi de 10,06% ao ano, a maior desde 2015 e, certamente, muito mais nociva para a economia do que na época, já que agora o país atinge níveis de desemprego, trabalho informal e queda na renda sem precedentes.
Para conter a escalada dos preços, o Banco Central, com aval do governo Bolsonaro, decidiu promover mais arrocho ao elevar a taxa básica de juros (Selic) a 10,75% ao ano, colocando mais lenha na fogueira da recessão.