Seis homens suspeitos de integrar a cúpula da milícia de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, foram presos na noite da última quinta-feira (24), informou a polícia. A equipe da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) localizou o grupo em um condomínio no Itanhangá.
Entre os presos está Fabiano Cordeiro Ferreira, 38, conhecido como Mágico, e apontado pela Polícia Civil do Rio como chefe da milícia da região. Havia dois mandados de prisão pendentes contra ele por participação em organização criminosa, formação de milícia e roubo.
Os demais presos foram identificados como Thiago Bastos Morais, chamado de Digão, Daniel Cristinho, o Buiú, João Henrique Pedro da Silva, conhecido como Pezão, Ilán Andrade dos Santos e Marcos Alves de Souza. Todos foram presos em Itanhangá, bairro próximo à comunidade de Rio das Pedras, onde atua o grupo, informou a Polícia Civil.
Os seis foram autuados por porte ilegal de arma de fogo e formação de milícia. Com eles foram apreendidas três armas de fogo, diversas munições e cadernos com anotações do grupo.
A região de Rio das Pedras, na zona oeste carioca, é considerada um dos principais territórios controlados pelas milícias na cidade. É também a sede do chamado “Escritório do Crime”, grupo de matadores de aluguel que foi chefiado pelo ex-capitão do Bope, o miliciano Adriano da Nóbrega, homenageado por Flávio Bolsonaro na Assembleia Estadual do Rio de Janeiro, em 2005.
Foi em Rio das Pedras que o motorista de Flávio Bolsonaro, e amigo pessoal de Jair Bolsonaro, Fabrício Queiroz, se escondeu quando foi apontado, em 2019, como o operador do esquema de rachadinha de Flávio nos gabinetes da Alerj.
CÚPULA
Segundo a Polícia Civil, a cúpula da milícia que controla a região de Rio das Pedras tinha formado uma espécie de aliança com outros grupos milicianos que atuam na Região Metropolitana do Rio. Mágico, tinha seguranças que vieram do bando que atua no Campinho, na Zona Oeste, da cidade, e tem ligação com o bando de Danilo Dias Lima, o Tandera. Além disso, Mágico estava para receber um carregamento de armas da quadrilha atua em Santa Cruz, comandada por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho. Tandera e Zinho são inimigos.
Preso nas Operações Intocáveis, em janeiro de 2019, Mágico foi condenado em setembro a oito anos em regime fechado por organização criminosa. Há duas semanas, ele progrediu para o regime domiciliar e, segundo a polícia, imediatamente retomou o controle de Rio das Pedras e teve designados para a sua segurança dois milicianos que estavam “emprestados” pela milícia do Campinho desde meados de 2021 e romperam com a quadrilha após a prisão de Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho, em dezembro passado, chefe daquele grupo, e aliado de Tandera.
Com o rompimento, houve um estreitamento de laços com a quadrilha de Zinho, e ficou acertada a remessa de armamento pesado para Rio das Pedras nos próximos dias. Monitorando a comunicação dos criminosos, a Polícia Civil descobriu que a quadrilha se reuniria no condomínio Moradas do Itanhangá e decidiu fazer a operação contra o bando.
“A gente identificou dois egressos da região do Campinho, que atualmente é comandada pelo Leléu, parceiro de crime do Macaquinho e historicamente aliados do Danilo Tandera. Houve então um monitoramento da movimentação da quadrilha de Rio das Pedras, e identificamos essas reuniões esporádicas e no mesmo local. Com a confirmação da presença dos chefes reunidos, deflagramos a ação”, disse o titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas, Thiago Neves.
Os policiais também prenderam os milicianos Thiago Bastos Morais, conhecido como Digão, Daniel Cristinho, o Buiú, João Henrique Pedro da Silva, também chamado de Pézão, Ilán Andrade dos Santos e Marcos Alves de Souza. Todos foram autuados por porte ilegal de arma e formação de milícia.
De acordo com a polícia, a operação é consequência de uma investigação de cerca de 2 meses e que faz parte do projeto Cidade Integrada, do governo do estado do Rio. O Secretário de Polícia Civil, Alan Turnowski, revelou que quando o Programa Cidade Integrada foi iniciado com a ocupação da Muzema, o objetivo já era atacar a cúpula da milícia de Rio das Pedras.
“Obviamente a gente sabia que a Muzema era um pedaço dominado por Rio das Pedras. É óbvio que a gente iria para dentro de Rio das Pedras buscar a prisão dessa cúpula. Miliciano é como traficante, eles brigam, separam e estamos atentos a isso tudo”, afirmou.
Durante a operação, os agentes apreenderam celulares, joias, armas, cadernos e peças de munição, além de três motos e um carro.