O mais premiado jornalista israelense, Ron Ben Yishai, desmontou uma das mais deslavadas mentiras do governo da Ucrânia, propalada por Zelensky, de que o memorial aos mortos pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial , o complexo de monumentos de Babi Yar, teria sido alvo de mísseis russos: “O memorial está intacto e não sofreu nenhum dano”, declara o jornalista que visitou e tirou fotos suas ao lado do monumento
Na terça-feira, dia 1º de março, a mídia dos EUA e toda a Ocidental repetiram a desinformação de que bombas russas haviam danificado o memorial às dezenas de milhares de judeus e ucranianos mortos nos terrenos pantanosos de Babi Yar pelos nazistas e colaboracionistas ucranianos durante a Segunda Guerra Mundial.
A mentira se manteve por pouco tempo antes de ruir. Nesta quarta-feira, dia 2, veio o desmentido nada menos do que pelo mais consagrado jornalista israelense, Ron Ben Yishai. Ele foi à Ucrania para verificar no local os danos que os monumentos, as catacumbas e o memorial ali erigido – com base em financiamento por judeus ucranianos e russos – teria sido danificado.
Acontece que aquilo que o jornalista viu foi o oposto: Nenhuma das construções foi atingida!
“Permanecem intactas”, reportou Ron Ben Yishai em matéria logo publicada no periódico Yediot Ahronot (Últimas Notícias, sigla Ynet), o de maior circulação em Israel para quem o repórter trabalha.
A mentira, divulgada por órgãos pró-governo da Ucrânia, logo serviu de palanque para o presidente ucraniano e seu chefe de gabinete (de um governo impregnado de neonazistas, assim como suas forças armadas) desancarem a Rússia. Saíram propalando que os russos seriam “bárbaros” que queriam destruir um dos principais monumentos aos massacrados pelos nazistas e assim negar o próprio Holocausto.
“Ao mundo: de que vale dizer ‘nunca mais’ por 80 anos, se o mundo fica em silêncio quando uma bomba é lançada no mesmo sítio de Babi Yar… a história se repete”, escreveu como se emocionado o presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, em mais um patético apelo.
Seu chefe de gabinete, Andriy Yermak, não deixou por menos: “Exatamente agora”, se apressou, “uma poderosa barragem de fogo está acontecendo. Um míssil atingiu o ponto onde o complexo do memorial de Babi Yar está localizado. Uma vez mais estes bárbaros estão assassinando as vítimas do Holocausto!”
No entanto, como diz o ditado, a mentira tem pernas curtas e a matéria do jornal israelense a desmonta. A verdade surge em um estilo direto e sem arrodeios: “O memorial a Babi Yar não foi danificado por míssil em ataque russo. Repórter do jornal na Ucrânia diz que o memorial ao Holocausto está intacto apesar de três mísseis lançados em direção a uma torre de comunicações que sofreu grande dano”, diz a introdução à matéria publicada no dia 2 de fevereiro às 15:56.
Seguem os principais trechos da matéria:
“Na terça-feira foi informado que forças russas bombardearam a área em Kiev próxima a Babi Yar – o sítio do massacre ocorrido na Segunda Guerra Mundial – no qual foram assassinados milhares de judeus pelas tropas alemãs de ocupação e colaboracionistas ucranianos.
O ataque foi logo seguido de um repúdio por muitos líderes mundiais e organizações, incluindo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
No entanto o repórter da Ynet em Kiev, após visitar o local, diz que não foi danificado e que nenhum míssil ou bomba de artilharia atingiu o sítio.
O dano foi causado ao complexo em torno da torre de comunicações e de televisão que fica a cerca de 300 metros do novo memorial e a um quilômetro do antigo.
O novo site, que foi construído com financiamento de judeus afluentes russos e ucranianos, inclui um grande monumento em bronze e outros menores, todos em memória aos mortos, incluindo ucranianos, que foram assassinados nos pântanos da área pelos nazistas e seus colaboracionistas.
O governo da Ucrânia informou, na terça-feira, que o sítio e as tumbas a ele vizinhas haviam sido danificados.
Três mísseis – lançados de aviões que voaram usando as nuvens como cobertura – de fato caíram no complexo que circunda a torre de comunicações, causando grande dano a prédios de sua administração.
Mas a torre propriamente dita permaneceu sem dano, a não ser por impacto menor de estilhaços e manchas causadas pela fumaça preta.
Algumas redes de televisão saíram do ar por curto espaço de tempo, provavelmente pelas ondas de choque atingindo as antenas.
Os russos, segundo parece, tentaram fazer um ataque que reverberaria no público e elevaria a ansiedade entre os residentes de Kiev, assim como atingiria ucranianos em outras partes do país, mas não buscavam destruir a torre construída com forte estrutura de aço.
Andrei, um dos vigilantes responsáveis pela unidade disse que dois de seus colegas foram levados a um hospital.
Ao que tudo indica o informe de que o próprio memorial de Babi Yar havia sido atingido foi parte da campanha de desinformação ucraniana, na tentativa de desestabilizar o inimigo [russo].”
Como lembra outro jornal israelense, Jerusalém Post, “entre os dias 29 a 30 de setembro de 1941, 33.771 judeus foram sistematicamente mortos a tiros e enterrados em uma ravina no período de 48 horas. Cerca de 150.000 ucranianos, ciganos, soviéticos e pessoas incapacitadas física ou mentalmente foram ali assassinados por um período mais longo, fazendo de Babi Yar o local onde se encontra a maior vala comum entre as localizadas em cidades europeias”.
QUEM É RON BEN YISHAI
O jornalista que desmontou uma das mais sórdidas mentiras já propaladas contra a Rússia desde o início do conflito com a Ucrânia, é o mais consagrado e conhecido entre os israelenses.
Foi ele o primeiro repórter israelense a entrar nos campos das aldeias de Sabra e Shatila e a denunciar o massacre de palestinos ali ocorrido. Também teve participação no filme realizado tempos depois pelo cineasta israelense, Ari Folman, Valsa com Bashir (Walz with Bashir, um emocionante libelo contra a invasão de Israel ao sul do Líbano) e cobriu as negociações de paz entre israelenses e palestinos. Por seu trabalho foi eleito jornalista do ano em 1989 e recebeu a mais alta comenda conferida a civis israelenses, o Prêmio Israel, em 2018.