
Pré-candidato ao governo de São Paulo que disse ter ido à Ucrânia fez o comentário em áudio no WhatsApp. Prometeu voltar ao país eslavo depois que passar o conflito, para fazer turismo sexual
O deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), mais conhecido como “Mamãe Falei”, disse em áudio pelo WhatsApp que as mulheres na Ucrânia “são fáceis porque são pobres”.
O parlamentar disse que desembarcou no país nesta semana para “mostrar aos brasileiros a realidade da guerra”, em meio ao conflito com a Rússia, que chegou ao 9º dia nesta sexta-feira (4).
Com as declarações, o deputado pode ter cometido o crime de misoginia.
Misoginia é repulsa, desprezo ou ódio contra as mulheres. Esta forma de aversão à mulher é centrada em visão sexista, que coloca a mulher em relação de subalternidade em relação ao homem.
Em nota assinada por Renata Abreu, deputada federal por São Paulo e presidente do Podemos, o partido classificou as declarações de “gravíssimas e inaceitáveis” e escreveu que “instaura de imediato um procedimento disciplinar interno para apuração dos fatos”.
GRAVAÇÃO
O áudio sobre as ucranianas foi gravado para grupo de amigos no WhatsApp e o conteúdo foi revelado pela coluna do jornalista Lauro Jardim, n’O Globo. O deputado disse que contou o número de mulheres bonitas na alfândega e disse ainda que vai voltar ao Leste Europeu quando a guerra acabar.
Ele deu a entender que pretende fazer turismo sexual no país eslavo. Quer tirar proveito das agruras e mazelas que certamente o conflito vai gerar depois que o conflito armando cessar.
“Mano, eu juro pra você, eu contei: são 12 policiais deusas. Mas deusas que você casa e faz tudo que ela quiser. Assim, eu tô mal. Eu não tenho nem palavras para expressar”, declarou no áudio.
A fala do deputado passou desequilíbrio e imaturidade. Parecia um adolescente deslumbrado. O deputado quer ser governador do Estado mais rico e populoso do Brasil.
O pré-candidato ao governo de São Paulo continuou: “Quatro dessas eram minas que você, mano, nem sei te dizer, se ela cagar você limpa o c… dela com a língua”.
Noutro trecho, faz comparação entre as ucranianas e as brasileiras. “Se você pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui”, afirmou o deputado, que posa de moralista.
Quinta-feira (3), o deputado postou foto ao lado de garrafas que supostamente seriam usadas para a produção de coquetéis molotov na Ucrânia.
“Nunca imaginei que um dia nessa vida ainda faria coquetéis molotov para o Exército ucraniano”, disse o deputado na publicação.
REPERCUSSÃO NEGATIVA
A fala do deputado repercutiu muito mal no Brasil. Certamente, agora, deve estar arquitetando como vai fazer para se desculpar disso que representa uma excrecência. Representante do povo de São Paulo vai a país conflagrado por conflito armado e se resume a observar a estética das mulheres locais.
E que pretende tirar proveito de o fato dessas serem “pobres”.
Foi mais que machismo e visão estereotipada. Trata-se de visão de mundo reacionária e mesquinha. E revela que tipo de homem é o deputado. Diante da crueza, da angústia e do sofrimento das pessoas no país conflagrado, ele deseja tirar proveito das mulheres porque “são pobres”.
É como dizem os chineses: “não perde a oportunidade, de perder oportunidade”.