Indicação de Bolsonaro é para presidência no Conselho de Administração da estatal em substituição ao almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira
O governo Bolsonaro confirmou o nome de Rodolfo Landim para a presidência do Conselho de Administração da Petrobrás. O atual presidente do Flamengo substituirá o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira na chefia do conselho da estatal.
A indicação do nome do ex-presidente da Gaspetro (2000/2003) e ex-presidente da BR Distribuidora (2003/2006), ambas privatizadas no governo Bolsonaro, deve ser aprovada na Assembleia Geral Ordinária (AGO), marcada para 13 de abril, já que o governo federal é o sócio majoritário e possui o maior número de votos entre os acionistas.
Landim e Bolsonaro se aproximaram em 2020, durante a pandemia da Covid-19, em busca de diminuir as restrições nos estádios pelos governos locais para combater o avanço do vírus e salvar vidas. Além disto, agiram em conluio na questão da venda de direitos de TV, com a lei do mandante.
Landim entrou na Petrobrás em 1980, e trabalhou lá por 26 anos, deixando a estatal para trabalhar com Eike Batista no Grupo X, no qual foi à falência. Após sair da Petrobrás, atuou como Diretor Geral da MMX Mineração e Metálicos S.A. (2006 a 2008), fundador e posteriormente CEO da OGX Petróleo e Gás Participações S.A. (2008 a 2009) e CEO da OSX Brasil S.A. (2009-2010). Ele também foi cofundador e acionista controlador do Ouro Preto Óleo e Gás. A petroleira foi vendida em 2020 para a Starboard Restructuring Partners, uma empresa especializada em ativos que estão em crise.
No ano passado, Landim foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por crime de gestão fraudulenta em fundo de investimento que teria lesado os fundos de pensão Funcef, Previ e Petros – o dos funcionários da Petrobrás. A ação penal, que tramita na 10ª Vara Federal de Brasília, está paralisada em razão de um “habeas corpus” impetrado pela defesa.
De acordo com a investigação, que faz parte da Operação Greenfield, da Procuradoria da República no Distrito Federal, Landim e outros quatro executivos atuaram em uma operação financeira que resultou em um prejuízo superior a R$ 100 milhões a fundos de pensão de funcionários de estatais.
Rodolfo Landim e os demais acusados – Demian Fiocca (ex-presidente do BNDES), Nelson José Guitti Guimarães, Geoffrey David Cleaver e Gustavo Henrique Lins Peixoto – atuaram como representantes das empresas Maré Investimentos e Mantiq junto aos diretores dos fundos de pensão. Essas instituições foram as gestoras do Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Brasil Petróleo 1, que captou recursos da Funcef (aposentados da Caixa), Petros (da Petrobrás) e Previ (do Banco do Brasil).
Segundo a Procuradoria da República no Distrito Federal, os executivos da Maré e da Mantiq teriam participado ativamente das negociações que driblaram a regulamentação do FIP. Com aval de Landim, o FIP Brasil Petróleo 1 realizou uma manobra não permitida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para destinar somas milionárias dos fundos à empresa estadunidense Deepflex Inc. Pela norma da época, não era permitido realizar investimentos de fundos de pensão em empresas estrangeiras, mas apenas nacionais.
O MPF também apontou que autoridades da Suíça comunicaram suspeitas de lavagem de dinheiro realizada por meio de uma conta que era da titularidade de Rodolfo Landim no banco Credit Suisse, mantida entre 2008 e 2012.
O Ministério Público Federal pede que os réus sejam condenados a pagar o triplo do montante perdido, a ser atualizado pela taxa básica de juros (Selic) referente à época do pagamento. Caso sejam condenados, Landim e os demais acusados também podem pegar uma pena de três a 12 anos de prisão.