
O ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), que está entre os membros do primeiro escalão de Jair Bolsonaro dispostos a se aventurar na corrida eleitoral de 2022, pretende deixar o cargo em 1º de abril, véspera da data limite para a desincompatibilização.
Tarcísio tem a ambição de disputar o governo de São Paulo. Com o objetivo de agradar especuladores, o ministro quer bater o martelo no máximo possível de concessões do patrimônio público ao capital privado antes de deixar o cargo.
O ministro foi exímio entregador do patrimônio nacional, enquanto ocupante do cargo de ministro da Infraestrutura, para o qual foi escalado por Bolsonaro. Enfim, privatizar, entregar o patrimônio público – e não administrá-lo, é o que o ministro “sabe” fazer. E não quer deixar o cargo sem a macabra marca final de leiloeiro.
Aliás, segundo a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo”, ele próprio considera que as privatizações são “marcos” de sua gestão.
No dia 30 de março, por exemplo, está previsto o leilão da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), que se trata da primeira desestatização de porto no Brasil, e de outros três terminais portuários.
Além da desestatização de portos, Tarcísio de Freitas tem feito todo tipo de pressão para privatizar os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, os mais valiosos em um lote de 16 aeroportos localizados nas regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste do país.
No ano passado, Tarcísio pressionou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para aprovar as regras do edital.
O ministro também prometeu privatizar a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) se for eleito governador do Estado de São Paulo. “Você pode até fazer essa venda em mais de uma etapa, você mantém uma participação minoritária, valoriza e depois sai do negócio lá na frente”, disse no mês passado em evento do site investimentos “TC”.
Sabemos o resultado das privatizações na infraestrutura: aeroportos com serviços caros e precários, estradas inseguras e com pedágios caríssimos.
Em fevereiro, a concessionária do aeroporto do Galeão (RJ) entrou com pedido de devolução do terminal mostrando o fracasso da privatização.
Além do Galeão, privatizações como Via-040 (BR-040), MS Via (BR-163/MS), Concebra (BR-060/153/262), Autopista Fluminense (BR-101/RJ), Rota do Oeste (BR-163/MT), Rodovia do Aço (BR-393), Aeroporto de Viracopos e São Gonçalo do Amarante (RN) também já tinham sido devolvidas e as promessas idílicas de R$ 45,5 bilhões de supostos investimentos previstos se esvaíram como fumaça no ar.