
O governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (9) o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção contra a Covid-19 em ambientes abertos no Estado. A liberação não irá valer para espaços fechados e transporte.
Segundo o governador João Doria (PSDB), até o dia 23 de março, serão avaliados os indicadores para decidir sobre uma liberação completa do uso das máscaras em todos os ambientes. “Por enquanto, ainda não haverá autorização para retirada do item em escolas e escritórios de trabalho, transporte”, afirmou o governador de SP.
Com o novo decreto, também ficaram liberados jogos de futebol com 100% da capacidade dos estádios, sem a necessidade de máscara, bem como a prática de todas as modalidades esportivas ao ar livre.
A coordenadora-geral do Programa Estadual de Imunização, Regiane de Paula, afirmou que SP se aproxima do percentual de 90% da população elegível — acima dos 5 anos de idade — com o esquema vacinal primário completo, ou seja, ao menos duas doses de alguma das vacinas disponíveis.
O secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, deu informações sobre a situação epidemiológica da pandemia em SP. “Nós temos hoje uma taxa de ocupação de leitos de UTI no estado de 37,6%. Nos últimos 30 dias, nós tivemos queda de 54% no número de casos, as internações caíram 76% e o número de óbitos foi 56% menor”, afirmou.
“É com segurança que vamos continuar protegendo a vida, mas precisamos que as pessoas continuem se vacinando”, completou.
Já o coordenador-executivo do comitê científico do estado, João Gabbardo, disse que ainda são válidas “recomendações” para manter o uso das máscaras em certas situações ou para determinados perfis.
“Pessoas com sintomas gripais devem continuar usando máscara em qualquer situação e local. Pessoas não vacinadas por qualquer razão devem continuar usando máscaras. Imunodeprimidos e pessoas com doenças crônicas também têm essa recomendação, e por último, em ambientes abertos mas com grandes aglomerações, há uma recomendação para que as pessoas se protejam, principalmente aquelas que tem maior risco”, declarou Gabbardo.
MELHORA
A melhora dos números da pandemia no Brasil após o surto de contaminações pela variante ômicron em janeiro e fevereiro tem levado, além de São Paulo, outros Estados e municípios pelo Brasil a desobrigaram o uso de máscaras contra covid-19.
Sete Estados e o Distrito Federal anunciaram algum tipo de flexibilização. No Maranhão e no Mato Grosso do Sul, a circulação sem máscara em ambientes abertos está liberada desde novembro.
Na segunda-feira (7), o uso facultativo da proteção passou a valer no Distrito Federal em ambientes abertos. No Mato Grosso, o governo do estadual anunciou a revogação do artigo 1° do Decreto 1.134/2021, que previa a obrigatoriedade da máscara, na terça-feira (8).
No Rio Grande do Sul, o governo dispensou a obrigatoriedade da máscara para crianças menores de doze anos no fim de fevereiro, inclusive dentro das escolas. Mesma medida adotou Santa Catarina, tornando facultativo o uso da proteção para as idades de seis a doze anos.
Já a cidade do Rio de Janeiro, onde a permissão já existia desde outubro, se tornou também no dia 7 a primeira capital a extinguir a obrigatoriedade também em ambientes fechados.
RISCOS
Cientistas apontam riscos ao desobrigar o uso de máscaras em locais fechados, especialmente para pessoas mais vulneráveis, como idosos e crianças não vacinadas.
Para especialistas, locais fechados apresentam risco maior de contaminação de covid-19, pelo fato de a transmissão do vírus ocorrer principalmente por meio de partículas que ficam suspensas no ar após expelidas por pessoas infectadas. Já áreas abertas e sem aglomeração, o risco é considerado muito pequeno.
Gulnar Azevedo, professora de Epidemiologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), aponta o transporte público, hospitais e escolas como ambientes de alto risco de contaminação e ressalta que as crianças ainda têm baixos índices de vacinação.
“Em ônibus, trens e metrô vai haver um acúmulo grande de pessoas muito próximas sem a ventilação adequada. Fora que não se sabe se nesses lugares estão pessoas com comorbidade, imunodeficiência ou idosos, que perdem mais rápido a proteção que as vacinas dão”, afirmou a professora da UERJ que defende ser essencial o uso de máscaras nesses casos, mesmo que não seja mais obrigatório.
Gulnar cita a vulnerabilidade das crianças à doença pelo fato de não haver cobertura vacinal adequada na população entre 5 e 11 anos. “Nas escolas, vai haver crianças sem a vacinação completa. Um terço ainda nem foi vacinada, só 9,5% foram vacinadas com duas doses. Essas crianças são expostas e são grupo de risco nesse momento.
No Brasil, 500 pessoas ainda morrem diariamente por Covid
Vale ainda destacar, que ainda morrem no Brasil, mais de 500 pessoas por dia vítimas da Covid-19. Só nesta quarta-feira, 9, o Ministério da Saúde confirmou 669 novos óbitos causados pela doença.
A média de óbitos a cada 24 horas foi a 499, comparando com os últimos 14 dias. Este é o sétimo dia seguido em que o indicador, embora quase rompendo a barreira de 500, fica na casa das 400 mortes diárias. O número teve uma variação de -36,2% em relação ao verificado há 14 dias, indicando queda no indicador.