“Verdadeiros criminosos”, diz o presidente da entidade, Antonio Galvan sobre Otan
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Antonio Galvan, criticou as sanções econômicas impostas pelos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) à Rússia. “O resto do mundo vai padecer com isso. É uma palhaçada de quem está trancando”, criticou Galvan. Ele defendeu que a Organização das Nações Unidas (ONU) deveria estabelecer que os insumos diretamente ligados à produção de alimentos, como fertilizantes, não deveriam ser alvo de boicotes.
“Os verdadeiros criminosos são os países da Otan”, afirmou ao ser questionado pela coluna do Guilherme Amado, do Metrópoles, sobre os efeitos no setor agrícola do conflito entre Rússia e Ucrânia.
O Brasil está entre os maiores produtores agrícolas, mas importa mais de 80% dos fertilizantes utilizados na sua produção, e a Rússia hoje é o maior exportador destes insumos para o mercado brasileiro, com 23% dos desembarques, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia.
A Aprosoja representa produtores de soja dos 16 estados que mais produzem o grão no Brasil. Galvan afirma que as sanções impostas à Rússia dificultam o acesso do Brasil a fertilizantes e outros insumos agrícolas.
Os fertilizantes químicos são uma ferramenta usada pelos agricultores para correção do solo e para aumentar a produtividade nos plantios. O desabastecimento desses insumos pode provocar uma disparada do preço dos alimentos e alta da inflação – que no Brasil já está acima dos dois dígitos, alta de 10,38% no acumulado em 12 meses até janeiro, aponta o IBGE.
Em 2021, desembarcaram no Brasil 41,6 milhões de toneladas de fertilizantes químicos ou adubos, somando US$ 15,1 bilhões. No ranking de fornecedores (excluindo fertilizantes brutos) ao Brasil em 2021, de acordo com o Comex Stat, a Rússia forneceu 23% dos produtos utilizados pelo agronegócio brasileiro, seguidos por China (14%), Marrocos (11%), Canadá (9,8%), Estados Unidos (5,6%), Catar (4,6%), Belarus (3,4%), Omã (3,2%), Arábia Saudita (3,1%), Argélia (2,9%), entre outras.
Mesmo com essa total dependência aos fertilizantes estrangeiros, o governo Bolsonaro entregou a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da Petrobrás, localizada na cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, para o grupo russo Acron, e fechou as portas da Araucária Nitrogenados S/A (ANSA), também uma subsidiária da Petrobrás, localizada na cidade de Araucária, no Paraná. Em 2020, o governo arrendou também duas fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia (Fafen-BA) e de Sergipe (Fafen-SE) para a multinacional Unigel.