Se ofereceu para “intervir” na Petrobrás para aumentar a produção. Já em relação aos preços abusivos da gasolina pagos pelos brasileiros, ele diz que não pode fazer nada
O governo Bolsonaro deu aval ao aumento da produção de petróleo no país para resolver o problema de alta dos preços dos combustíveis dos EUA, causada pelo embargo determinado pela Casa Branca ao consumo de Petróleo russo.
A Casa Branca ficou em apuros depois da medida contra a Rússia e procurou até a Venezuela, que também era embargada por eles, para pedir socorro diante da alta dos preços dos combustíveis no mercado americano. O Planalto na mesma hora se ofereceu.
Enquanto isso, os brasileiros enfrentam uma explosão de preços internos dos combustíveis sem que o governo tome qualquer atitude para protegê-los.
Em tempos de governo Bolsonaro, em que o refino de petróleo ficou em último plano para garantir as compra de derivados dos EUA, os preços dos combustíveis explodiram no Brasil e já acumulam alta muito além da inflação oficial, de 10,54% em 12 meses até fevereiro: gasolina (+ 32,62%), desel (+ 40,54%), etanol (+ 36,17%), gás de botijão de cozinha (+27,63), gás encanado (+26,36%) e gás veicular (38,41%).
Os números do IBGE citados acima não contabilizam os recentes aumentos de 18,8% no preço da gasolina, de 24,9% do diesel, e de 16,1% no preço do botijão de cozinha, que começaram a valer nas refinarias da Petrobrás na sexta-feira (11).
As sanções econômicas impostas pelos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) fizeram com que os EUA corressem atrás do petróleo de outros países produtores para garantir a oferta global e reduzir os preços do barril. Até o momento, a Arábia Saudita não atendeu ao apelo dos EUA de bombear mais petróleo.
Já o governo brasileiro, demonstrando seu servilismo, não pensou duas vezes em dizer que vai atender ao governo americano.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tratou do assunto na quinta-feira (10) com a secretária de energia do governo americano, Jennifer Granholm. Ele disse que outros países já concordaram em socorrer os EUA. “Os países que têm estoque, como Estados Unidos, Japão, Índia e outros, estão liberando. Mas também tem que ter o esforço de aumento da produção”, disse ele.
“Ela [Jennifer Granholm] me perguntou se o Brasil poderia fazer parte desse esforço, e eu falei ‘claro que pode’. Já estamos aumentando a produção, enquanto a maioria dos países da OCDE, reduziu. Nós aumentamos nossa produção nos últimos três anos”, afirmou o ministro, segundo informações do jornal Valor Econômico. O ministro informou que os estoques de diesel nos Estados Unidos estão 20% abaixo da capacidade.
Sobre a alta dos preços sentida pelos brasileiros na hora de abastecer, Albuquerque disse que essa não é uma preocupação só do Brasil, mas do mundo como um todo. A insistência do governo Bolsonaro em manter a desastrosa política de Preço de Paridade Internacional (PPI) deixa o Brasil à mercê da especulação internacional do petróleo.
O atrelamento dos preços internos dos combustíveis ao dólar e ao preço do barril de petróleo nas bolsas está jogando o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha na Lua.
Além disso, o ministro não explicou como o Brasil, que tem capacidade de refino, está desativando e vendendo suas refinarias e transformando-se em refém da importação de derivados. Apenas disse que “temos uma dependência externa grande”. Segundo ele, cerca de 30% do diesel e do GLP consumidos pelos brasileiros vêm de fora.
A capacidade de refino do Brasil é de 2,3 milhões de barris por dia e o consumo do país está também nesta mesma faixa, mas, a sabotagem do governo Bolsonaro às refinarias faz com que elas tenham de 25 a 30% de ociosidade, obrigando o país a importar 500 mil barris de derivados por dia. Uma das refinarias privatizadas, a RLAM (Refinaria Landulpho Alves), da Bahia, agora nas mãos de um grupo árabe, já está cobrando preços mais altos do que a própria Petrobrás.