Aumento nas tarifas de energia (28,1%), botijão de gás (+27,6%) e alimentos – como carnes (+8,6%), aves e ovos (+19,6%), açúcar (+43,8%) e café (+61,2%) – estão entre os itens que mais pesam no orçamento das famílias de baixa renda, aponta Ipea
As famílias de renda muito baixa são as que mais sofrem com a inflação, é o que demonstra o Indicador de Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de fevereiro.
Com base em dados de fevereiro, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, apontou para uma aceleração inflacionária para todas as faixas de renda. No entanto, quando se olha para o quadro do acumulado em 12 meses, o instituto destaca que “as famílias de renda muito baixa (até R$ 1.808,79) apresentam a maior alta inflacionária, cuja taxa de 10,9%, se mantém pouco superior à registrada pelas faixas de renda baixa e média-baixa (10,7% e 10,8%, respectivamente) e acima da faixa de renda alta (9,7%)”, escreveu o Ipea, em nota.
No acumulado em 12 meses até fevereiro, o que mais pesou para as famílias de renda mais baixa foi o grupo habitação, em razão dos altos custos das tarifas de energia elétrica (alta de 28,1%), que no Brasil tem as tarifas mais altas do mundo e a do gás de botijão (alta de 27,6%), que já é vendido a R$ 150 após o reajuste da Petrobrás em 16% com aval de Bolsonaro.
Também sufocou o orçamento das famílias a alta dos alimentos em domicílio: carnes (8,6%), aves e ovos (19,6%), açúcar (43,8%), café (61,2%). Os Alimentos têm peso de 22,3% na cesta dos mais pobres e, por isso, impactam mais a inflação desse grupo na comparação com os mais ricos, que comprometem apenas 7,1% de seus ganhos com esses produtos.
PREÇOS INICIAM ANO EM ALTA
Para o mês de fevereiro, o que mais pesou para os pobres brasileiros foi o custo dos cereais, farináceos e panificados, como feijão (9,4%), farinha de trigo (2,8%), biscoito (2,3%), macarrão (1,1%) e pão (1,0%). Além disto, os alimentos in natura, especialmente da batata (23,5%), da cenoura (55,4%) e do repolho (25,7%), aliado a alta do café (2,5%) e do leite (1,0%) ajudam a explicar esta contribuição altista para a inflação das famílias de menor renda.
Ainda sem contabilizar o mega aumento nos preços dos combustíveis anunciado na semana passada pelo governo Bolsonaro, a inflação oficial do país em fevereiro – medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – acumulou alta de 10,54%, em 12 meses até fevereiro.
A Petrobrás, com o aval do governo, autorizou um reajuste de 18,8% no preço da gasolina, do diesel em 24,9% e o do gás de cozinha em 16,1%. Esses aumentos devem trazer mais impactos negativos na produção e no transporte de alimentos do país, fazendo com que a inflação continue corroendo o poder de compra da população.
Os preços dos combustíveis no Brasil acumulam alta superior ao da inflação oficial, aumento de 10,54% em 12 meses até fevereiro: gasolina (+32,62%), diesel (+ 40,54%), etanol (+36,17%), gás de botijão de cozinha (+27,63), gás encanado (+26,36%) e gás veicular (38,41%). Esses números do IBGE não contabilizam os recentes aumentos pela Petrobrás.–