
O governador de São Paulo, João Doria, anunciou nesta quinta-feira (17), a flexibilização do uso de máscaras em todos os ambientes, tanto abertos, quanto fechados no Estado. O decreto foi publicado em edição extra e tem efeito imediato.
A nova medida, porém, ainda exige uso de máscaras no transporte público – e seus respectivos locais de acesso, como estações de Metrô – e nos locais destinados à prestação de serviços de saúde.
“Finalmente sem máscaras! Acabo de assinar decreto que libera imediatamente o uso de máscaras em locais fechados em SP. O avanço da vacinação e a queda nas internações e óbitos permitem esta medida. Momento tão esperado depois de dois anos desafiadores. Estou muito feliz!”.
O governador João Doria informou que a decisão foi tomada após nota técnica do Comitê Científico demonstrar uma melhora consistente na situação epidemiológica no estado. A flexibilização em ambientes abertos já havia sido autorizada no último dia 9.
Segundo o governo paulista, os especialistas do comitê levaram em consideração o índice de vacinação com duas doses no estado, que atingiu o patamar de 90% do público-alvo, ou seja, acima de 5 anos. A meta percentual é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde (MS).
A análise observou que, após 14 dias do feriado de carnaval, houve manutenção da melhora dos indicadores epidemiológicos, indicando queda na transmissão. O governo aponta que, pela sexta semana seguida, foi registrada queda de internações em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de enfermaria.
UNIVERSIDADES MANTÉM EXIGÊNCIA
Apesar da decisão do governo do Estado, as três maiores universidades públicas paulistas – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade de Campinas (Unicamp), decidiram continuar a pedir o uso de máscara dentro de seus campi mesmo após o decreto do governador João Doria (PSDB) que acabou com obrigatoriedade do acessório.
A utilização da máscara é compulsória na USP (Universidade de São Paulo) e na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) em qualquer ambiente e “altamente recomendável” na Unesp (Universidade Estadual Paulista), segundo nota da instituição.
Outro item em comum nos protocolos é a exigência de comprovante de imunização com esquema vacinal completo para ingresso em qualquer instalação universitária. A medida vale não só para estudantes, professores e funcionários, mas também para todos os visitantes que circularem pelas instalações das universidades.
RISCOS
Cientistas apontam riscos ao desobrigar o uso de máscaras em locais fechados, especialmente para pessoas mais vulneráveis, como idosos e crianças não vacinadas.
Infectologista e diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Gerson Salvador, questionou a medida. Segundo ele, a decisão de Doria foi “precipitada”.
“Na última semana o estado de SP registrou aumento de 41,7% na média diária de novos casos e 7% de novos óbitos por COVID-19, o governador escolhe esse momento para desobrigar o uso das máscaras. Dória foi (no mínimo!) precipitado”, publicou em seu Twitter.
Para especialistas, locais fechados apresentam risco maior de contaminação de covid-19, pelo fato de a transmissão do vírus ocorrer principalmente por meio de partículas que ficam suspensas no ar após expelidas por pessoas infectadas. Já áreas abertas e sem aglomeração, o risco é considerado muito pequeno.
Gulnar Azevedo, professora de Epidemiologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), aponta o transporte público, hospitais e escolas como ambientes de alto risco de contaminação e ressalta que as crianças ainda têm baixos índices de vacinação.
“Em ônibus, trens e metrô vai haver um acúmulo grande de pessoas muito próximas sem a ventilação adequada. Fora que não se sabe se nesses lugares estão pessoas com comorbidade, imunodeficiência ou idosos, que perdem mais rápido a proteção que as vacinas dão”, afirmou a professora da UERJ que defende ser essencial o uso de máscaras nesses casos, mesmo que não seja mais obrigatório.
Gulnar cita a vulnerabilidade das crianças à doença pelo fato de não haver cobertura vacinal adequada na população entre 5 e 11 anos. “Nas escolas, vai haver crianças sem a vacinação completa. Um terço ainda nem foi vacinada, só 9,5% foram vacinadas com duas doses. Essas crianças são expostas e são grupo de risco nesse momento.