Milhares de manifestantes tomaram as ruas de Londres no último sábado para exigir aumento salarial, respeito aos direitos sociais e trabalhistas, e denunciar os sucessivos cortes realizados nas áreas sociais. Conforme denunciaram os trabalhadores, os salários reais na Inglaterra têm estado em declínio durante os últimos 17 anos.
Erguendo cartazes e entoando palavras de ordem, professores, enfermeiras, trabalhadores dos correios, lixeiros e várias categorias de servidores públicos se somaram aos ferroviários e ao pessoal do McDonald’s numa marcha para denunciar a gravidade da devastação neoliberal. Após uma década de crise financeira, os salários reais no país valem 24 libras por semana a menos do que em 2008 e as projeções é que não retornem aos níveis pré-crise antes de 2025.
Diante da gravidade da situação, convocados pela central sindical TUC, os manifestantes reivindicam “um novo pacto” trabalhista, mais investimentos na saúde e na educação e o imediato fim do arrocho.
O secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos, Mark Serwotka, advertiu que se o governo não reajustar os salários em 5%, o único caminho possível será a paralisação dos serviços. “Os servidores públicos já sofreram o bastante com o congelamento salarial e os cortes de postos de trabalho. Se o governo não ceder, iremos à greve”, sublinhou.
Para a secretária-geral da TUC, Frances O’Grady, “há um novo ambiente no país. As pessoas têm sido muito pacientes, mas agora pedem um novo acordo por empregos decentes, salários justos, verbas para os serviços públicos e sindicatos fortes”. “Você não pode distribuir dividendos inflados aos acionistas e ao mesmo tempo cortar salários dos empregados. Você não pode afrouxar os ganhos das cúpulas e dizer aos trabalhadores para apertar os cintos. Você não pode construir empresas de dimensão mundial e jogar seu peso nas costas dos trabalhadores, com direitos de segunda classe. A ganância tem que parar”, enfatizou.
“Estamos submetidos a muita pressão, baseado num mercado de trabalho flexível e empregos fictícios”, acrescentou o dirigente do Sindicato de Trabalhadores nas Comunicações, Dave Ward.
Conforme o relatório divulgado pelo TUC no início do mês, a Inglaterra soma hoje 1 milhão de crianças mergulhadas na pobreza a mais do que tinha em 2010, sendo que, devido aos sucessivos cortes nos programas sociais, cerca de 3,1 milhões de crianças vivem agora no limiar da subsistência.