O ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, pediu exoneração do cargo. Ele sai por conta da pressão que tem sofrido desde que foi flagrado destinando verbas do Ministério conforme mandavam pastores evangélicos amigos de Jair Bolsonaro.
Já os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, amigos de Bolsonaro, do esquema de propina e tráfico de influência dentro do Ministério da Educação (MEC), continuam onde estavam para operar a distribuição de verbas do ministério.
O caso está sendo investigado pela Polícia Federal.
A saída do Ministério foi confirmada no Diário Oficial, durante a tarde desta segunda-feira (28).
Antes de pedir a exoneração, Milton Ribeiro conversou com Jair Bolsonaro, que foi quem fez o “pedido especial” para que as ordens dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura fossem executadas.
Gilmar e Arilton não têm nenhum cargo no Ministério da Educação ou no governo federal, mas eram quem realmente decidiam sobre o destino das verbas do Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Um áudio obtido pelo jornal Folha de S.Paulo mostra Milton Ribeiro admitindo a existência do “gabinete paralelo” dos pastores e contando que foi Jair Bolsonaro quem autorizou o esquema criminoso.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar. Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, disse Milton Ribeiro em conversa.
Assessores do Ministério confirmaram que os pastores mandavam na agenda do ministro da Educação, fazendo com que ele se reunisse apenas com os prefeitos que eles mandavam.
Para ter acesso ao Ministério da Educação e à verba do FNDE, os pastores cobravam propina. Prefeitos contaram que eles exigiam R$ 15 mil apenas para protocolar o pedido da Prefeitura. Segundo eles, R$ 15 mil era um desconto especial, pois o valor que cobravam era R$ 30 mil.
O prefeito de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga, relatou que o pastor Arilton pediu um quilo de ouro (que vale mais de R$ 300 mil) para que o dinheiro da Educação chegasse ao município.
Outros prefeitos contaram que os pastores queriam que a propina fosse paga através da compra de bíblias feitas por sua igreja, em uma tentativa de lavar o dinheiro assim que ele entrasse.
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que o caso fosse investigado pela Polícia Federal.
Diversos membros da comunidade evangélica pediram a demissão de Milton Ribeiro por conta do escândalo. Segundo eles, a cada dia que o ministro permaneceu no cargo depois do escândalo vir à tona, mais a comunidade era prejudicada.
Milton Ribeiro foi o quarto ministro indicado por Jair Bolsonaro. O nome mais falado para suceder Ribeiro é o atual secretário-executivo do Ministério, Victor Godoy.
Godoy, que era o braço direito de Milton Ribeiro no Ministério da Educação, não criticou a atuação do ex-ministro.