O privatista Adriano Pires substitui o general Silva e Luna que, por ordem do Planalto, manteve a dolarização dos preços e fez subir a gasolina, o diesel e o gás de cozinha
Bolsonaro resolveu indicar para a direção da Petrobrás o economista Adriano Pires, um conhecido lobista das multinacionais do petróleo. Pires é fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), uma empresa de Consultoria e Informação especializada nos serviços de Inteligência Regulatória e Gestão de Negócios no setor de infraestrutura, conhecida por defender os interesses das múltis do petróleo.
Bolsonaro criou o caos, dolarizou os preços, fez explodir os preços a gasolina, do diesel e do gás de cozinha, jogando nas alturas a inflação, e culpa a Petrobrás por sua política desastrosa. Recentemente afirmou que a estatal “pode ser privatizada hoje”. Na mesma hora os entreguistas se assanharam e defenderam publicamente o esquartejamento da empresa “em dez partes para vender todas elas”. Adriano Pires é o porta-voz desses setores.
O desastre em várias áreas da economia já vinha provocando um grande desgaste no governo Bolsonaro. Nesta segunda-feira, o Datafolha mostrou que 75% culpam o “mito” pela disparada dos preços.
De nada adiantou ele ficar tentando culpar governadores, a guerra e até São Pedro pelas altas de preços. O povo sabe muito bem que são dele as decisões que fizeram explodir os preços da gasolina, do gás e dos alimentos. Foi ele que dolarizou a economia. A população recebe – quando recebe – em real, mas tem que pagar tudo ajustado em dólar.
É ele que obriga a Petrobrás, que produz todo o petróleo que necessitamos, a cobrar de acordo com os preços do mercado internacional do barril, e em dólar. Por isso, os preços não param de subir. Aí ele resolve culpar a própria Petrobrás, ao invés de mudar a política de preços da empresa.
Ele poderia mudar a politica porque o governo é o acionista majoritário da empresa, mas não faz. Ele não faz porque só pensa em favorecer os fundos de acionistas da empresa, principalmente os estrangeiros, que estão ganhando verdadeiras fortunas com esses preços abusivos.
Enquanto o povo está pagando a gasolina a R$ 7 e o gás de cozinha a R$ 130, os acionistas da Petrobrás acabaram de embolsar R$ 101 bilhões em lucros e dividendos.
É evidente que Bolsonaro não altera essa política porque não quer desagradar os endinheirados que especulam com ações da empresa na bolsa de Nova Iorque. Mas, não é só esses que Bolsonaro protege. Há também os importadores de derivados que impõem preços altos para continuarem ganhando os tubos com seus negócios enquanto o consumidor é extorquido.
Os ataques do governo à Petrobrás, seu desmantelamento e a venda de suas subsidiárias e refinarias mostram total descompromisso deste governo com o povo e o país. Agora, a entrega da direção da companhia para um lobista de multinacionais, aponta na direção de que o governo decidiu acelerar o processo de privatização da Petrobrás.
Bolsonaro tem dito que, se a empresa fosse privada, ele não levaria a culpa pelos preços altos. Ele só se preocupa com sua reeleição. E sabe que, com a privatização, os preços vão subir mais ainda, como está acontecendo com os preços da refinaria da Bahia privatizada por ele.
O general Silva e Luna, que foi indicado para manter a política de dolarização dos preços, foi afastado nesta segunda-feira (28). Entra no lugar dele mais um defensor aberto da privatização e um lobista de multinacionais. A mudança aponta para a continuidade desta desastrosa política de preços. Pires já criticou diversas vezes as tentativas de mudar essa política, chamando-as de “populistas”.
Ele já chegou a defender que o preço do barril fosse cotado no dobro do nível atual, em torno de US$ 100. “A gente deveria torcer para o petróleo ir a U$ 200 porque o petróleo passou a ser uma grande fonte de arrecadação para o Brasil”, argumentou o presidente do CBIE há um mês, durante uma live realizada pela FPE Debate.
Tudo leva a crer, portanto, que Bolsonaro está dando passos na direção da privatização da Petrobrás. Essa já é a segunda mudança que ele impõe à estatal. Em 2021, o governo trocou Roberto Castello Branco pelo general Silva e Luna.
A mudança precisa ser confirmada pela assembleia-geral dos acionistas da empresa. A próxima reunião está marcada para 13 de abril. Segundo o material divulgado pelo Ministério de Minas e Energia, se a decisão for confirmada pelos acionistas, Joaquim Silva e Luna deixará a cadeia de comando da petroleira, pois o nome dele não aparece na composição prevista para o conselho de administração da Petrobras.