Responsabilidade de Bolsonaro foi apontada por amplos setores, desde empresários, trabalhadores, desempregados, professionais liberais, evangélicos e espíritas, de acordo com pesquisa Datafolha
Para 68% dos brasileiros, o governo Bolsonaro tem responsabilidade pela alta dos combustíveis. É o que aponta a pesquisa Datafolha, que foi realizada entre os dias 22 e 23 de março, com 2.556 eleitores em 181 cidades de todo o país.
De acordo com a sondagem, 39% afirmaram que Bolsonaro tem muita responsabilidade pelo aumento da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. Outros 29% consideram que seu governo tem ao menos um pouco de responsabilidade. Já na avaliação de 30%, o governo não tem responsabilidade.
Bolsonaro se elegeu prometendo que iria baixar os preços dos combustíveis. No entanto, o que ocorreu na prática foi o completo descontrole sobre os preços dos combustíveis, que explodiram nas bombas dos postos de revendas.
Para se ter uma ideia, em julho de 2018, o preço médio da gasolina estava em R$ 4,48 o litro, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP). Na última semana (20 a 26/03/2022), o preço médio da gasolina fechou em R$ 7,21 – um aumento de 60.93%. Na campanha eleitoral, Bolsonaro prometeu que a gasolina teria um preço máximo de R$ 2,50.
O preço médio do óleo Diesel S10 está 90.35% mais caro, na comparação do que era o seu preço médio de revenda de R$ 3,506 o litro em maio de 2018, época em que ocorreu a greve dos caminhoneiros que paralisou a atividade econômica do país por 11 dias. Na semana passada, o preço médio do óleo Diesel S10 fechou em R$ 6,674.
Na campanha eleitoral, Bolsonaro prometeu que o gás de cozinha não passaria dos R$ 35 o botijão. Em janeiro de 2019, o preço médio de revenda do botijão de 13 kg estava em R$ 69,26. De lá para cá, seu preço médio está em R$ 113,24 – 63,49% de aumento.
Na semana passada, o botijão de 13 kg podia ser encontrado ao preço máximo de R$ 160 na região Norte do Brasil.
Os preços abusivos do botijão de gás, gasolina e diesel, se dá pela própria motivação do governo em manter os preços destes combustíveis atrelados às variações do dólar e à especulação do mercado internacional do petróleo. Política essa que Bolsonaro sempre defendeu.
Em entrevista concedida às vésperas do segundo turno das eleições de 2018, Bolsonaro disse que iria manter a política de paridade de preços da Petrobrás – “não queremos fazer nada via canetaços, ou baixar grandes pacotes”, disse ele. Nesta época, Bolsonaro já fazia demagogia em tentar culpar os governadores pelo aumento dos combustíveis. Segundo ele, o aumento nos valores dos combustíveis acontece pela cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre os combustíveis, de competência dos Estados. Tal alegação caiu por terra, após a decisão dos governadores de congelarem a cobrança do ICMS para contribuir com a redução do preço dos combustíveis, pois mesmo com o congelamento, os preços dos combustíveis continuam sofrendo mega-aumentos.
Foi seguindo a paridade de preços do mercado internacional, que a Petrobrás, com o aval do governo, autorizou um reajuste de 18,8% no preço da gasolina, de 24,9% no preço do diesel, e de 16,1% no preço médio do gás liquefeito de petróleo (GLP) – o popular gás de cozinha – que começaram a valer para as distribuidoras a partir do dia 11 deste mês.
POR PREFERÊNCIA DE CANDIDATO
A pesquisa também fez um levantamento entre aqueles que demonstram sua preferência política. Segundo o Datafolha, para aqueles que disseram que irão votar em Bolsonaro, 54% acreditam que o governo tem responsabilidade, o percentual mais baixo no recorte que considera intenção voto. Nesse grupo ainda, 44% acreditam que a responsabilidade é pouca, e apenas 14% dizem que o governo tem muita responsabilidade. Em contrapartida, 43% isentam o governo da responsabilidade pelo aumento no preço dos combustíveis —percentual mais alta entre os que.
No grupo que declara votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 71% acreditam que o governo tem responsabilidade. Desta parcela, 51% avaliam que Bolsonaro tem muita responsabilidade.
Para aqueles que afirmam que vão votar em Ciro Gomes (PDT), 87% acreditam que o governo Bolsonaro tem responsabilidade pela alta do preço, sendo que 54% dizem que é muita a responsabilidade.
No caso de quem avalia votar em Sergio Moro (Podemos), 79% afirmam que o atual governo tem muita responsabilidade, com 46% afirmando que é muito responsável.
Para os leitores que preferem João Dória (PSDB), 71% dizem que o governo tem responsabilidade, sendo que 41% avaliam que é muita.
POR TRABALHO, RELIGIÃO E REGIÃO
Entre assalariados que não têm carteira assinada, 74% dizem que o governo tem responsabilidade no aumento dos combustíveis, com 43% afirmando ser muita.
Já entre os funcionários públicos, 73% avaliam que o governo tem responsabilidade, sendo que 43% dizem ser muita.
Do lado dos que estão desempregados que desistiram de procurar emprego, 72% acreditam que o governo tem responsabilidade, sendo que 46% dizem que é muita.
Entre os empresários, 65% dizem que o governo tem responsabilidade, um percentual abaixo da média. Entre eles, 35% dizem que é um pouco e 30%, muita. Outros 35% afirmam que o governo não tem responsabilidade.
Para os autônomos e profissionais liberais, 66% dizem que o governo tem responsabilidade, sendo que 38% afirmam ser muita e 28%, um pouco. Outros 33% afirmam que o governo não tem responsabilidade.
Por religião, os católicos acompanham a média, mas a atenção a posição de outros grupos religiosos.
Para os evangélicos, segmento que tem muitos bolsonaristas, 64% acreditam que o governo tem responsabilidade, contingente abaixo da média.
Entre os espíritas, no entanto, 82% declaram que o governo tem responsabilidade, sendo que 61% dizem que é muita.
Quando observado o quadro por região: para os entrevistados do Sul, 72% afirmam que o governo tem responsabilidade na alta dos combustíveis. O Nordeste acompanha a média, mas a maior parte, 42%, acredita que o governo tem muita responsabilidade.