O desfile de resultados desastrosos da indústria e do comércio são “amenizados” por aqueles que sustentam que a economia evoluiu para uma economia de serviços. Contudo, não é possível sustentar a tese da recuperação com o setor que hoje representa mais de 70% do PIB em queda livre – justamente porque não existe setor de serviços que sobreviva sem o desenvolvimento e apoio da indústria.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na terça-feira (15) mostram que os serviços, medidos em volume, já acumulam queda de -1,5% nos primeiros três meses de 2018. Neste meio tempo, o governo continua investindo na propaganda do fim da recessão, apesar de dados e fatos dizerem exatamente o contrário. No acumulado de 12 meses, o resultado tampouco é animador: queda de -2%. E, em março sobre o mês imediatamente anterior, o recuo registrado foi de -0,2%.
O fato é que o setor de serviços não se desenvolve com uma economia moribunda, especialmente quando a produção – que é o que efetivamente garante o crescimento sustentável do país – está no fundo do poço.
“Se havia alguma esperança de que o setor de serviços pudesse amenizar a perda de dinamismo geral da economia no começo de 2018, os dados divulgados hoje pelo IBGE trataram de dissipá-la”, avaliou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
De acordo com o IBGE, o setor de serviços ficou 12,8% abaixo do pico da série histórica, registrado em 2014.
“Como os serviços reúnem atividades bastante empregadoras, esse movimento de retrocesso pode atrasar ainda mais a reativação do mercado de trabalho”, diz o instituto que avalia que o quadro geral de queda nos serviços, bem como na indústria e no comércio do primeiro trimestre se farão sentir nas expectativas de crescimento em 2018.
Serviços prestados às famílias
Por consequência do desemprego e do rebaixamento da renda, os serviços prestados às famílias – que, inclusive, tem o maior peso na composição geral do setor – caíram 2,4% no acumulado de 2018 até março. Se as famílias estão cortando até mesmo produtos de primeira necessidade, conforme sugerem os resultados de vendas em supermercados, idas ao cabeleireiro, manicure, viagens, e etc. certamente deixaram de ser uma prioridade.
Os serviços de informação e comunicação também tiveram queda expressiva, de -3,7% de janeiro a março de 2018. Os serviços profissionais e administrativos, uma demanda especialmente de empresas, caiu -2,6% no período.
PRISCILA CASALE