Preços no setor industrial em fevereiro de 2022 tiveram alta de 0,56% influenciados pela alta do minério de ferro, do óleo bruto de petróleo e da soja no mercado internacional, aponta IBGE
Os preços da indústria cresceram 0,56% em fevereiro frente a janeiro, segundo o Índice de Preços ao Produtor (IPP) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E acumula alta de 20,05% em 12 meses, acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial da inflação, que foi de 10,54% no mesmo período.
O índice calcula os preços das indústrias extrativas e de transformação e é conhecido como inflação “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas: bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis, semiduráveis e não duráveis).
Segundo Murilo Alvim, analista do IPP do IBGE, a atividade que mais influenciou o resultado de fevereiro foi o extrativo, com uma variação de 8,34%, por conta dos preços das commodities, em especial dos minérios de ferro e dos óleos bruto de petróleo no mercado internacional. Outra atividade destacada por Alvim foi a de refino de petróleo e biocombustível, puxado pelo produtos derivados de petróleo como o óleo diesel e da gasolina. Já os alimentos, que possuem o maior peso no índice total, foram influenciados por maiores preços de produtos derivados da soja. Alimentos totalizou em doze meses alta de 16,09%.
No indicador acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro, a variação de preços de bens de capital foi de 19,88%. Bens intermediários, por sua vez, variaram 22,06% e bens de consumo foi de 16,76%, sendo que bens de consumo duráveis apresentaram variação de preços de 13,22% e bens de consumo semiduráveis e não duráveis de 17,47%.
Os setores com as quatro maiores variações de preços nos últimos doze meses foram: refino de petróleo e biocombustíveis (49,47%); outros produtos químicos (41,85%); madeira (29,41%); e produtos de metal (26,59%).
O descontrole inflacionário que as atitudes do governo Bolsonaro impõem com a política de Preço de Paridade Internacional (PPI), atrelando os preços dos combustíveis aos especulativos preços do barril de petróleo e ao dólar, e quando nada faz, como estoques reguladores, deixando os preços dos alimentos ao sabor da especulação, também gerada no estrangeiro, vão disseminando os aumentos de preços também para o setor industrial. Essa inflação estará chegando aos preços para o consumidor final nos próximos meses.
Em fevereiro, os preços de 15 das 24 atividades industriais investigadas na pesquisa apresentaram aumento de preços ante o mês imediatamente anterior. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (30) pelo IBGE.
Segundo o IBGE, as consequências das sanções contra a Rússia “não tiveram um impacto claro no resultado do IPP”. O início do conflito com a Ucrânia aconteceu no fim de fevereiro e as principais sanções econômicas contra a Rússia, ocorreram a partir de março.