O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a indexação dos preços ao dólar e disse que “quando a gente voltar, a gente vai tratar de abrasileirar o preço das coisas”.
Segundo Lula, a fome no país “não é falta de carne, não é falta de arroz. É falta de vergonha na cara das pessoas que governam esse país”.
“O Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo. Não é possível ver as pessoas correndo atrás do caminhão de frango que tombou, pegando osso”, disse Lula.
Ele lembrou à plateia que, durante a crise financeira internacional de 2008, o preço do barril de petróleo chegou a custar US$ 147, mas na bomba o preço médio da gasolina no Brasil era de R$ 2,40.
Lula refutou a idéia de que o aumento da inflação, da pobreza e da fome no Brasil tenha relação direta com a guerra na Ucrânia, como alega a equipe econômica de Bolsonaro. Ele afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, “não sabe fazer a economia pensando no povo” e a única solução apresentada pelo atual governo é vender as empresas estatais. “Como eles não sabem governar, só querem vender o que está pronto”, criticou.
Nesta semana, em discurso na Federação Única dos Petroleiros (FUP), Lula já tinha falado em “abrasileirar” os preços do gás, da gasolina e do diesel, em uma crítica à política do governo de atrelar os preços dos combustíveis aos preços internacionais do petróleo.
As recentes declarações de Lula nesta quinta-feira (31) foram feitas no encerramento do Encontro Democracia e Igualdade, no auditório da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Segundo Lula, o Brasil está na “hora de se indignar”. O ex-presidente condenou os retrocessos na educação e o escândalo de corrupção no Ministério da Educação (MEC), além da condução criminosa da pandemia pelo governo Bolsonaro.
O ex-presidente da República voltou a falar da intenção de revogar a “reforma” trabalhista. “Se preparem, porque nós vamos voltar a garantir direitos ao povo trabalhador desse país”, disse, ao comentar a situação precária em que vivem os trabalhadores de aplicativos. Como exemplo, ele citou o caso da Espanha, que recentemente revogou a reforma trabalhista que retirou direitos por lá.
Lula destacou ainda que atualmente a maioria das negociações coletivas não conseguem repor as perdas salariais. “No meu governo, 90% das categorias faziam acordos com aumento acima da inflação”.
Ele criticou a relação de Bolsonaro com os militares. “Bolsonaro não é dono dos militares. Eles fazem parte de uma instituição do povo brasileiro para defender o país de inimigos externos. Não têm que ficar ‘puxando o saco’ nem de Lula, nem de Bolsonaro. Tem que ficar acima das brigas políticas”, afirmou.
Lula disse ainda que Bolsonaro é “tão frágil, tão boçal”, que não conseguiu criar um partido para ele. Por isso, segundo Lula, na falta de um projeto político, o atual presidente tenta se apropriar das cores da bandeira do Brasil. “Vamos dizer que a bandeira brasileira não é desse fascista. Pertence a 213 milhões de brasileiros. Ele se apoderou como se fosse dele”.
Sobre a guerra, ele declarou que “a gente precisa avisar para o Putin, para o presidente da Ucrânia, para o Biden e para os líderes europeus: Parem com essa guerra! O povo precisa de paz. E quer emprego, educação, cultura. O povo quer vida, não quer morte”.