Para a entidade, “a instabilidade na indústria preocupa, porque a indústria está muito distante de recuperar o que foi perdido durante a pandemia”
O faturamento real da indústria de transformação recuou 0,2% em fevereiro de 2022, na comparação com janeiro, considerando a série livre de efeitos sazonais. O recuo ocorre após três altas consecutivas, período no qual o faturamento havia crescido 5,7%. Na comparação com fevereiro de 2021, o faturamento registra queda de 5%.
O emprego industrial manteve praticamente estável, ao recuar 0,1% em fevereiro de 2022 na comparação com janeiro de 2021, considerando a série livre de efeitos sazonais. A queda interrompe sequência de três altas consecutivas, período no qual o emprego havia crescido 0,8%. Na comparação com fevereiro de 2021, o emprego aumentou 2,9%.
As informações constam dos “Indicadores Industriais” da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgados nesta segunda-feira (4).
“A maioria dos Indicadores Industriais variaram muito pouco ou permaneceram inalterados na passagem de janeiro para fevereiro de 2022. Apenas o índice de horas trabalhadas na produção cresceu na passagem de janeiro para fevereiro em 1,4%”, assinala a CNI.
Para o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, o resultado de fevereiro “preocupa, porque a indústria está muito distante de recuperar o que foi perdido durante a pandemia”.
Na semana passada o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção industrial do país variou 0,7% em fevereiro, após tombo de 2,2% em janeiro.
Sobre esses resultados o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) avaliou que “a despeito de acentuada oscilação dos resultados na virada do ano, este último resultado coloca o setor no mesmo nível em que se encontrava em ago/21, indicando as dificuldades de avançar de modo mais consistente”. Em outra palavras, o setor patina, não desenvolve como é preciso.
Os dados da pesquisa da CNI com a queda de faturamento, em termos reais de 5% sobre fevereiro de 2021 e o pequeno aumento de 2,9% do emprego na mesma comparação interanual, converge com avaliação que o IEDI apresentou.
E não poderia ser diferente. “Inflação alta, juros em elevação, mercado de trabalho ainda com contingente elevado de trabalhadores fora dele e a massa de rendimento que também não avança, são características que ajudam a entender esse cenário da indústria”, destaca André Macedo responsável pela pesquisa do IBGE.
Inflação, juros altos, desemprego alto e persistente, queda na massa de rendimentos, mais inflação, carestia, aumento da pobreza e da miséria são resultados das desastradas políticas na condução dos preços administrados, na alta das taxas de juros, no bloqueio aos investimentos que Guedes e Bolsonaro têm entregue ao país.
De acordo, com a CNI, as horas trabalhadas na produção cresceram 1,4% em fevereiro de 2022 frente a janeiro, na série livre de efeitos sazonais. O índice volta a crescer após o pequeno recuo do mês anterior (-0,2%) e passa a registrar três altas nos últimos quatro meses, totalizando crescimento de 3,8% no período.
O total de horas trabalhadas na produção em fevereiro de 2022 é 2,1% superior ao registrado em fevereiro de 2021.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) manteve-se inalterada em 81% na passagem de janeiro para fevereiro de 2022, considerando os dados dessazonalizados. Na comparação com fevereiro de 2021, a UCI mostra alta de 0,4 ponto percentual.