Benesse dada por Bolsonaro com redução de IPI não reduz preço e vendas caem pelo 9º mês consecutivo, segundo Fenabrave
As vendas de carros de passeio e utilitários leves caíram 23,82% em março na comparação com março do ano passado, segundo divulgou a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), na terça-feira (5). Em março, foram registrados 134.904 automóveis e comerciais leves. Este foi o 9º mês seguido com retração nos números.
O resultado é resultado do forte impacto da queda na renda e alto nível de endividamento das famílias, assim com desemprego alto e persistente e a elevação das taxas de juros advinda da escalada da taxa Selic, que é a taxa de juros básica da economia.
A indústria começa a aumentar estoques, com aumentos expressivos nos preços e as taxas de financiamento subindo. O setor começa agora a sentir sinais de enfraquecimento da demanda.
É o pior resultado em 18 anos. Há semanas, Guedes festejou a situação da economia brasileira, provocativo, disse até que os brasileiros reclamam de barriga cheia e que possuem dois iPhones cada um. Deve conseguir alguma narrativa para esse tombo da indústria automobilística, que representa mais de 22% do PIB industrial no Brasil.
Os carros novos tiveram aumento de preços médio de 9% ao longo de 2021. A alta foi ainda maior para os dez carros mais vendidos do último ano. Para eles, a média do aumento dos preços foi de 25,4%.
Os aumentos dos veículos também estão na contramão do que se podia esperar. Com um cenário como o atual, a impressão que se tem é que a indústria repassou todos os aumentos de custos que pode ter tido e não repassou o benefício da isenção de 18,5% do Imposto da Produção Industrial (IPI) dado por Bolsonaro, mantendo ou até aumentado suas margens de lucro.
As vendas de caminhões também ficaram no vermelho no mês passado: queda de 6,1% contra março de 2021, para 10,1 mil unidades. Por outro lado, as vendas de ônibus reagiram, com alta de 18,6% no comparativo interanual, totalizando 1,8 mil unidades.