Segundo Júlia Lotufo, “a verdade é a seguinte: hoje, o que tá fudendo o Adriano é o presidente, mais nada. Só o Bolsonaro. Porque se não fosse ele, ninguém mais falaria dele [Adriano]”
A viúva do miliciano Adriano da Nóbrega, Júlia Lotufo, afirmou, em uma conversa pelo telefone, que Flávio Bolsonaro (PL-RJ) empregou a ex-esposa do miliciano em seu gabinete como funcionária fantasma por onze anos.
A conversa entre Júlia Lotufo e uma amiga foi gravada pela Polícia Civil em 2019. Júlia contou que a ex-esposa de Adriano, Danielle Mendonça da Costa Nóbrega, estava reclamando das investigações.
Danielle “foi nomeada 11 anos, 11 anos levando dinheiro, R$ 10 mil por mês pro bolso dela e agora ela não quer que ninguém fale nada dela?”, disse Júlia em trecho gravado pela Polícia Civil.
Segundo Júlia, Danielle reclamava que fazia de tudo na “vida para viver direito e o Adriano tem essa vida errada que eu não escolhi”, mas que ela recebia o salário de assessora sem trabalhar.
Julia criticou a reclamação de Danielle. “Se fosse ela, a minha vida direito: ‘olha só, Adriano, não é direito eu estar em um gabinete sem trabalhar, eu não quero mais participar disso, não’. Mas tava entrando R$ 10 mil na conta dela, ela não ia falar isso”.
Se Danielle tivesse se recusado a participar do esquema criminoso de Flávio Bolsonaro, “aí ela poderia brigar, aí ela poderia falar ‘pô, eu não faço parte de nada, não levo nada e agora tenho que me fuder?’ Ahn, levou… Ela foi nomeada 11 anos, 11 anos levando dinheiro, R$ 10 mil por mês pro bolso dela e agora ela não quer que ninguém fale nada dela? Aí ela vai e bota a culpa no Adriano, que o Adriano faz merda?”, disse a viúva de Adriano à amiga.
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“Aí vem a Danielle, dá ataque que bateram na porta da casa dela e ela não está mais casada com ele. Mais e aí, não tava levando dinheiro lá? Não quer que bate na porta dela? Errado seria se ela tivesse fudida, sem ganhar um real… Ela sabia muito bem qual era o esquema, ela não aceitou? Agora é as consequências do que ela aceitou”, continuou.
“Falou pro advogado: ‘o Adriano faz merda e batem na minha casa’. Só que bateram na casa dela porque a funcionária fantasma era ela, não era eu. Aí ela dá uma de santa, de Madre Teresa de Calcutá. Ela falou: ‘eles que dêem o jeito deles de me tirar disso, porque eu tô me fudendo por causa deles’”.
Para Júlia, “a verdade é a seguinte: hoje, o que tá fudendo o Adriano é o presidente, mais nada. Só o Bolsonaro. Porque se não fosse ele, ninguém mais falaria dele [Adriano]”.
Bolsonaro, quando foi deputado, fez discurso na Câmara enaltecendo o miliciano. Veja:
Adriano da Nóbrega era ex-policial militar e chefe da milícia de Rio das Pedras e do Escritório do Crime, da quadrilha de Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro, preso pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes.
Flávio Bolsonaro, quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, empregou familiares e amigos em seu gabinete, mas eles não tinham que trabalhar. Como assessores fantasmas, tinham apenas que devolver uma parte do salário para Flávio. O esquema é conhecido como “rachadinha”.
Flávio empregou a mãe e a ex-esposa do miliciano Adriano da Nóbrega, Raimunda Veras Magalhães e Danielle da Costa da Nóbrega.
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