O Ministério da Educação comprou kits de robótica para serem distribuídos entre escolas que não têm infraestrutura básica, pagando R$ 14 mil por unidade, mas a empresa que os vendeu para o governo paga R$ 2,7 para o fornecedor, que é de São Paulo. Ou seja, 420% mais caro.
A empresa Megalic, sediada em Maceió e cujos donos são aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), lucrou R$ 11,3 mil por unidade vendida apenas para transportar os robôs educacionais de São Paulo para Alagoas.
A nota fiscal da compra, pela Megalic, do equipamento fornecido por uma empresa de São Paulo foi obtida pela Folha de S.Paulo.
Em 28 de setembro de 2021, a Megalic comprou 370 kits de robótica da empresa Pete, de São Carlos (SP). O valor unitário foi de R$ 2.700 e o total de R$ 999 mil.
Os “kits de robótica” superfaturados foram entregues para pequenas escolas no Estado de Alagoas em que faltam salas de aula, computadores, internet e água encanada.
O Ministério da Educação despendeu, na compra dos kits, 79% de todo o dinheiro que tinha para a compra de mobiliários e equipamentos. Ao todo, foram gastos R$ 31 milhões junto à Megalic.
Vendendo os equipamentos superfaturados para Prefeituras de Alagoas, a Megalic já obteve R$ 54 milhões, enquanto gastou R$ 6,7 milhões para obter os kits. No ano passado, vendeu por R$ 15 milhões o que obteve por R$ 2,7 milhões.
Parte do dinheiro usado pelas prefeituras para comprar os kits veio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), cujo presidente, Marcelo Lopes da Ponte, foi indicado por Ciro Nogueira (PP-PI), ministro da Casa Civil de Bolsonaro.
Os donos da Megalic são Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, que é pai do vereador de Maceió, João Catunda (PSD).
Tanto Roberta quanto Edmundo são próximos de Lira, eleito presidente da Câmara com ajuda do governo Bolsonaro.