Jair Bolsonaro diz que a compra “não é nada”
Jair Bolsonaro disse que a compra, usando dinheiro público, de 35 mil comprimidos de 25mg de Viagra para as Forças Armadas “não é nada”.
O Ministério da Defesa argumentou que o Viagra será usado no tratamento de hipertensão pulmonar arterial (HPA), mas não comentou o fato de que a doença é rara, atinge mais mulheres e a dosagem comprada de 25mg não é a indicada para o tratamento.
A Marinha ficará com 28,3 mil, o Exército com 5 mil e a Aeronáutica com 2 mil comprimidos de Viagra.
“Com todo respeito, não é nada. Quantidade… O efetivo das três forças, obviamente… Muito mais usado pelos inativos e pensionistas”, disse Bolsonaro na quarta-feira (13).
Segundo Bolsonaro, a imprensa “não procura saber por que comprou aí os seus 50 mil comprimidos de Viagra. Mas faz parte. Como no ano passado apanhamos muito também, eu apanhei, por ter gasto alguns milhões com leite condensado”.
O Ministério da Defesa afirmou que não se manifestaria sobre a compra de próteses penianas, sob a justificativa de que o Exército tem autonomia para usar os próprios recursos. O Ministério da Defesa era dirigido até então por Braga Netto, que segundo Bolsonaro tem 90% de chances de ser seu vice nas próximas eleições.
Seu governo está dizendo que os 35 mil comprimidos serão utilizados no tratamento de hipertensão pulmonar arterial (HPA).
Os comprimidos de 25mg são utilizados para casos de disfunção erétil. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) só admite o uso dessa dosagem em caso de falta dos de 20mg.
A própria bula do medicamento na dosagem de 25mg diz que ele deve ser utilizado apenas para “tratamento da disfunção erétil, que se entende como sendo a incapacidade de atingir ou manter uma ereção suficiente para um desempenho sexual satisfatório”.
Somente no caso dos comprimidos de 20mg é que há menção ao uso para tratamento de HPA.
Os deputados Elias Vaz (PSB-GO) e Marcelo Freixo (PSB-RJ) acionaram o Ministério Público Federal (MPF) para que o caso seja investigado.
Para Freixo, o “dinheiro público, que sai do bolso de todos nós brasileiros, tem que ser usado para servir ao interesse público”.
Elias Vaz afirmou que “nossos hospitais não têm medicamentos suficiente, mas Bolsonaro e sua turma estão usando dinheiro público para comprar a ‘pequena pílula azul’”.
O deputado também denunciou a compra de 60 próteses penianas infláveis, ao custo total de R$ 3,5 milhões. O pregão foi feito pelo Exército e o custo por unidade chegou a R$ 60 mil.
O Exército confirmou a realização do pregão, mas disse que apenas três próteses foram efetivamente compradas.