Em fevereiro, o faturamento da indústria caiu 22,5%, em relação ao faturamento histórico obtido em agosto de 2013, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que já leva em conta ajustes sazonais (conforme o mês) e pela inflação.
Travado pelos juros altos, pela queda do investimento e pela alta da inflação, o faturamento real da indústria de transformação recuou 0,2% em fevereiro de 2022, na comparação com janeiro. O recuo ocorre após três altas consecutivas, período no qual o faturamento havia crescido 5,7%. Na comparação com fevereiro de 2021, o faturamento registrou queda de 5%.
De acordo com a CNI, o faturamento da indústria saiu de 133.50 pontos, em agosto de 2013, para 103.40 pontos em fevereiro deste ano. Para calcular o indicador, a CNI coleta todos os meses números de faturamento das principais indústrias dos diferentes setores.
De 2011 a 2021, também tem caído a importância da indústria no Produto Interno bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país. Segundo dados do IBGE, em 2011, o setor era responsável por 23,1% do PIB. Em 2021, essa participação cai para 18,9%.
Nestes últimos anos, com argumento de controlar as contas públicas, Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, radicalizaram o arrocho nas contas públicas – isto em meio de uma pandemia – na tentativa de manter um alto superávit primário – isto é, uma alta reserva para transferência de juros ao setor financeiro – o que serviu para apequenar ainda mais os investimentos públicos.
Por outro lado, o governo Bolsonaro retomou os juros a patamares elevados (Selic a 11,75% a.a) para atrair o capital especulativo que age na aquisição de empresas nacionais – agravando o processo de desnacionalização da indústria e a desindustrialização do país.
Em 2021, a indústria pouco reagiu com volume de produção que, comparado a 2020, não foi o suficiente para compensar as perdas do primeiro ano de pandemia no Brasil. Diante disto, a indústria iniciou o ano de 2022 com um tombo de 2,2% na sua produção. Em fevereiro, a produção industrial do país variou apenas 0,7%. Assim, a indústria permanece 2,6% abaixo do patamar de antes da pandemia e 18,9% abaixo dos níveis de maio de 2011.