Brasileiros cobraram o procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, que está de férias em Paris, para abrir inquéritos sobre as diversas denúncias de corrupção que surgiram no Ministério da Educação.
Indicado por Jair Bolsonaro para o cargo, Augusto Aras faz vistas grossas e finge que não existem dezenas de indícios e provas de que o Ministério da Educação virou um balcão de negócios no governo Bolsonaro.
“Dar ‘rolezinho’ em Paris é legal, mas e abrir processo, procurador? Vamos lá investigar, procurador, ou vai continuar engavetando? Vamos lá, procurador, fazer o seu trabalho?”, questionaram os brasileiros, que filmaram a abordagem.
“Vamos investigar o bolsolão do MEC, investigar pastor fazendo reunião, vamos investigar o Bolsonaro gastando milhões em Viagra pro Exército? Cadê a investigação, procurador?”, continuaram.
“Aqui em Paris não tem nada para encontrar, não. Pode deixar que a gente procura. Tem que procurar lá em Brasília”, questionaram os brasileiros diante de um Augusto Aras com cara contrariada.
Na terça-feira (19), a PGR disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não há elementos suficientes para abrir um inquérito contra Jair Bolsonaro por seu envolvimento no esquema de corrupção controlado pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos no Ministério da Educação.
O ex-ministro Milton Ribeiro, que pediu demissão por conta do escândalo, confirmou diretamente o envolvimento de Bolsonaro na corrupção na gravação obtida pela Folha de S.Paulo.
Milton Ribeiro contou que entregou o controle do orçamento do Ministério da Educação para os pastores por conta de “um pedido especial que o Presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”. A PGR alega que isso não é suficiente para indicar a participação de Jair Bolsonaro.
Tendo o poder de escolher quais cidades receberiam verbas do Ministério da Educação, os dois pastores evangélicos exigiam o pagamento de propina para os prefeitos. Relatos mostram que eles normalmente pediam R$ 40 mil para isso. Em um caso, pediram um quilo de ouro, que é equivalente a mais de R$ 300 mil.
Os dois pastores foram pelo menos 35 vezes para o Palácio do Planalto desde 2019, primeiro ano de governo Bolsonaro.
Os brasileiros que encontraram o procurador-geral Augusto Aras passeando por Paris mencionaram o “bolsolão do MEC”, que é como estão sendo chamados nas redes sociais os diversos esquemas de corrupção que foram descobertos dentro do Ministério da Educação.
Bolsonaro permite, assim, que o dinheiro do FNDE seja usado para alimentar campanhas de aliados. Com a nomeação de Marcelo Ponte (indicado por Ciro Nogueira, presidente do PP e ministro da Casa Civil) para a presidência do órgão, o orçamento do FNDE passou a ser usado para compras superfaturadas, consultorias fake e para apoiar campanhas de aliados.
O Fundo comprou “kits de robótica” superfaturados de uma empresa de amigos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A empresa atravessadora comprou o produto por R$ 2,7 mil a unidade e os vendeu por R$ 14 mil por unidade, superfaturando em 420% seu preço.
Além disso, Marcelo Ponte agiu para o preço máximo por cada ônibus escolares que estavam sendo comprados de R$ 270 mil para R$ 480 mil. Com isso, passaram o total da compra de R$ 1,3 bilhão para R$ 2,04 bilhões e facilitaram o superfaturamento.
O FNDE também passou a contratar empresas de consultorias fake, que recebem R$ 300 mil por mês para entregar o dinheiro para partidos como o PP e o PL.
Augusto Aras tem agido abertamente para proteger a família presidencial. A PGR pediu o arquivamento de processos envolvendo Bolsonaro, rejeitou a abertura de inquéritos de casos em que ele foi citado, entre outras medidas de proteção.