O juiz Sérgio Moro afirmou domingo (20) “que ninguém está acima da lei” e que esta é uma lição não só para o Brasil, “mas até para democracias maduras”. O magistrado foi o principal orador na cerimônia de formatura da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, onde também recebeu o título de doutor honoris causa, como um “líder no movimento anticorrupção” no país.
“Nunca se esqueçam da pedra angular das nações democráticas, que é o estado de direito. Isso significa que todos têm igual proteção da lei. Isso significa que é preciso proteger os mais vulneráveis. Mas também significa que ninguém está acima da lei. Essa é uma lição não só para o Brasil, mas até para democracias maduras”, disse.
Sérgio Moro falou sobre o trabalho na Operação Lava Jato, que disse “não tem sido fácil”. Ele citou o número de condenados por lavagem de dinheiro e corrupção – 157, no total – e lembrou, sem citar nomes, que entre eles há empresários das maiores construtoras brasileiras, além de políticos de alto escalão como um ex-governador [Sergio Cabral, do Rio de Janeiro], um ex-ministro da Fazenda [Antonio Palocci], um ex-presidente da Câmara [Eduardo Cunha] e “até mesmo um ex-presidente [Lula]”.
“Não tem sido um trabalho fácil. Velhos hábitos de corrupção sistêmica e impunidade são difíceis de derrotar”, disse, emendando que há “ameaças, riscos e tentativas de difamação”, mas que apesar disso as investigações e julgamentos continuam.
O juiz disse ter sido influenciado por outros juízes, como o italiano Givoanni Falcone que condenou 344 membros da máfia da Sicília, organização criminosa que parecia “invencível”. Declarou também ter se inspirado na lei de combate à corrupção americana, elaborada por um ex-aluno da Universidade de Notre Dame.
Em outubro de 2017, Sérgio Moro havia recebido o Notre Dame Awards, uma honraria concedida pela universidade a pessoas que são “pilares de consciência e integridade, cujas ações beneficiaram seus compatriotas”, segundo a instituição.