
A direção da Petrobrás, com a anuência do governo Bolsonaro, autorizou o aumento de 19% no preço de venda do gás natural para as distribuidoras, que começa a valer a partir deste domingo (1).
Conhecido popularmente por gás encanado, o produto é fonte de energia para diversos setores da indústria, comércio, além do GNV (gás natural veicular) usado por taxistas e motoristas de aplicativos.
Em 12 meses até abril, o gás encanado acumula alta de 35,10%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) do IBGE. Já a alta do GNV chega a 46,26%.
A Petrobrás responde por cerca de 85% do fornecimento às distribuidoras. O ajuste foi feito em relação ao trimestre fevereiro-março-abril e tem como base principal a política de atrelar os preços dos combustíveis produzidos no Brasil ao dólar e à cotação do barril do petróleo no mercado internacional.
Segundo a Associação Brasileira dos Consumidores de Energia (Abrace), a alta de 19% chegará para os consumidores finais com variações distintas. O repasse depende das legislações estaduais para o setor. Em alguns Estados, é imediato, e em outros, só ocorre nas datas de reajustes tarifários anuais. Mas a Abrace estima que as tarifas para a indústria subam, em média, 9%.
No Rio, a Naturgy é a responsável pela distribuição de gás encanado às residências, comércios às indústrias, além dos postos de GNV. A concessionária já anunciou que as tarifas residenciais (com consumo de 7 metros cúbicos por mês) vão aumentar em 6,8%, e as comerciais (400 metros cúbicos por mês) em 7,05%. Para a indústria, o aumento será de 18,52%.
No caso dos clientes que moram no interior do Estado (Ceg Rio), o reajuste será de 8,78% para residências, 10,16% para comércios e 19,25% para indústrias.
Já o aumento na distribuição do GNV aos postos será de 19,58% na Região Metropolitana e de 19,76% no interior.
No final do ano passado, a direção da Petrobrás assinou novos contratos com as distribuidoras, o que impactou no aumento do preço do gás. Em fevereiro, o preço médio de venda do combustível às distribuidoras subiu 12%.
O GNV, por exemplo, saltou 8,7% desde o fim de 2021, chegando a custar, em média, R$ 4,754 por metro cúbico na semana passada, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
Em São Paulo, a alta no combustível realizada em fevereiro ainda não foi repassada aos consumidores. A Abrace estima que o consumidor industrial sofrerá um aumento de 18% em junho, quando é feito o reajuste anual das tarifas da Comgás.
Eis o “choque de energia barata”, prometido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, logo no início do governo Bolsonaro. Guedes aprovou no Congresso a quebra do monopólio da Petrobrás no gás, prometendo que o aumento da competição poderia reduzir em até 50% o preço do combustível. No entanto, a realidade é que o preço do gás continua nas alturas.
No caso dos produtores privados, Abrace projeta que o contrato da Shell com a Bahiagás, por exemplo, terá alta de 28%. Mas como a empresa tem outros fornecedores, o aumento médio de seu custo de aquisição de gás será de 12%.