Resultado expõe fraude da “recuperação”
Cresce para 11,2 milhões número de jovens sem emprego e sem estudo
O aumento do desemprego, registrado pelos índices do IBGE, por todas as razões, é a demonstração mais categórica de que a “recuperação” da economia, badalada insistentemente nos últimos meses, era (e, claro, é) uma farsa, uma fraude, uma vigarice para enganar incautos e pessoas de boa fé.
Há poucas edições, divulgamos o aumento do número de trabalhadores – um aumento de um milhão e 528 mil pessoas – que o IBGE considera “desocupados”, aqueles, que, em princípio, têm como única ocupação, a de procurar emprego (v. IBGE: Desemprego cresce em 1.528.000 pessoas no trimestre).
Ao todo, dissemos, são 13 milhões e 689 mil trabalhadores nessa condição.
Agora, o IBGE divulgou o número total de desempregados e subempregados – que, evidentemente, também são desempregados.
Entre o final de 2017 e o final do primeiro trimestre de 2018, o número total de desempregados (incluindo os subempregados) passou de 26 milhões e 516 mil trabalhadores para 27 milhões e 669 mil trabalhadores.
O que quer dizer que ¼ da força de trabalho, no Brasil, está desempregada.
Com a característica de que o desemprego feminino (+654 mil trabalhadoras desempregadas) aumentou, em termos absolutos, mais que o desemprego masculino (+499 mil trabalhadores desempregados).
Realmente, esperar da política de Temer e Meirelles alguma recuperação só é possível em caso de delírio – e não nos consta que nem mesmo algum delirante tenha manifestado tal expectativa. De Temer e Meirelles pode-se esperar roubo e destruição das forças produtivas do país. Jamais alguma “recuperação” da economia.
Portanto, se não é delírio, é vigarice.
Mas, vigarice para quê? Para que alardear, através de jornais e da TV, uma “recuperação” que não existe?
Para manter a política atual, que consiste, precisamente, em saquear recursos do setor produtivo da economia – dos trabalhadores e dos empresários nacionais que produzem – para transferi-los ao setor improdutivo, parasitário da economia, isto é, aos bancos e fundos, sobretudo estrangeiros, mais alguns elementos que se abarrotam com a especulação dos juros e as especulações derivadas dos juros.
Por isso, os investimentos públicos – a mola mestra de qualquer economia – secaram. O dinheiro de toda a coletividade está sendo drenado para nutrir um abscesso financeiro.
Manter essa política de destruição é o objetivo dessa marketagem sobre uma suposta “recuperação”. O desastre é tão grande que o único recurso dos que querem manter essa política é a mera e grossa mentira da “recuperação”. Esta falsidade tornou-se o seu único argumento. Temos, então, o estelionato como política de governo.
Mas esse “argumento” é volatilizado pelo resultado dessa mesma política, expresso pelas taxas de desemprego total (ou seja, incluído o subemprego) divulgadas pelo IBGE.
Do final de 2014 ao final do primeiro trimestre de 2018, o número total de desempregados aumentou em 11 milhões e 679 mil pessoas, de acordo com esse critério: foi de 15 milhões e 990 mil trabalhadores desempregados (2014) para 27 milhões e 669 mil trabalhadores desempregados (2018).
Para manter essa política, recorre-se a qualquer fraude. Já tem algum tempo, alguns gênios, logo repetidos por algumas senhoritas e cavalheiros na TV que parecem ter QI negativo (mas são muito bem pagos exatamente por ter QI negativo), inventaram a teoria (?) de que, em uma crise, o emprego é o último a se recuperar.
Resta saber em que crise isto aconteceu. Naturalmente, em nenhuma.
Se não há recuperação do emprego, não há expansão do consumo e do mercado. Que empresário irá investir em sua empresa, se não existe mercado para desaguar a produção?
Numa situação em que o desemprego está crescendo, nem mesmo vale a pena colocar para funcionar as máquinas que estão paradas – isto é, diminuir a capacidade ociosa -, pois aumentar a produção significaria apenas um aumento das mercadorias encalhadas.
Por essa razão, toda a preocupação, após a eclosão da crise de 1929, foi a de aumentar o emprego, sem o que era impossível aumentar a produção – ou seja, recuperar a economia.
Enquanto o emprego – e o salário – não se recuperar, o conjunto da economia continuará afundando em um pântano estagnado.
Além disso, e até mais importante, a crise atual não é nenhuma “crise cíclica”, que eclodiu independente da política do governo.
Pelo contrário, essa é uma crise provocada pela política de Dilma, continuada por Temer.
Os 11 milhões e 679 mil trabalhadores, que perderam seus empregos desde 2014, foram para a rua porque esse era o objetivo de Dilma e Levy – e, depois, de Temer e Meirelles.
A questão era rebaixar o salário real dos trabalhadores para aumentar a margem de lucro dos monopólios, concentrando a renda. Essa foi (e é) a política do PT e do PMDB.
Daí as demissões em massa desde o início de 2015.
Poderíamos acrescentar que, desde 2011, era para isso que apontava a política econômica de Dilma, isto é, do PT. Basta ver a derrubada nos investimentos públicos, o aumento nos juros – após um breve momento, muito breve, de baixa -, o bloqueio no aumento dos servidores e na recuperação do salário mínimo, a queda na produção industrial e nos índices de crescimento.
Mas, sem dúvida, foi a partir de 2015, depois que Dilma ganhou uma eleição prometendo fazer o contrário, que a situação do país foi para o inferno econômico – isto é, para o desperdício de vidas e de investimentos já realizados – em suma, para a destruição de forças produtivas e de energia do povo brasileiro.
A taxa de desemprego total agora divulgada pelo IBGE está em 24,7% da força de trabalho. No Nordeste, é bem mais alta: 36,4% dos trabalhadores estão desempregados. No Norte, 28,6%. Mesmo no Sul, a taxa mais baixa entre as regiões, 15,2% dos trabalhadores estão sem emprego.
Enquanto isso, Temer comemora o Caged, do Ministério do Trabalho, cada vez mais falso, cada vez mais sem vínculo com a realidade e cada vez mais sem credibilidade (v. matéria nesta página).
Mas esse é um governo de ladrões.
C.L.