“Com orçamentos pressionados pela inflação persistentemente alta e 30,2% da renda comprometida com o pagamento de dívidas, proporção de famílias com contas/dívidas atrasadas teve o maior incremento mensal desde março de 2020”. Endividamento sobe e atinge 77,7% das famílias
O percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer alcançou mais um recorde em abril atingindo 77,7% do total de famílias brasileiras. É a maior proporção da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio (CNC), iniciada em janeiro de 2010. Na comparação com abril do ano passado, a parcela de endividados correspondia a 67,5% do total.
O número de famílias com contas em atraso também acelerou e alcançou o maior patamar histórico, passando de 27,8% em março para 28,6% em abril. O valor também representa crescimento de 4,4 p.p. em relação ao registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia da Covid-19.
A parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que permanecerão inadimplentes também acirrou na passagem mensal, com aumento de 0,1 ponto percentual (de 10,8% para 10,9% do total de famílias). O percentual é 0,5 ponto maior do que o apontado em abril de 2021 e o maior desde dezembro de 2020.
Segundo a entidade, com a alta da inflação, que atingiu o maior patamar em 27 anos, e os juros elevados, os consumidores chegaram em abril com 30,2% da renda comprometida com o pagamento de dívidas, 0,2 ponto percentual maior do que há um ano. Apesar do aumento do endividamento ser generalizado, a proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso aumentou principalmente entre os mais pobres.
A proporção das famílias que se declararam “muito endividadas” chegou a 17,8% do total de endividados. É o maior percentual da série, atrás apenas do apurado em julho de 2011.
A pesquisa aponta, também, que 21,5% das famílias endividadas encerraram o quadrimestre com mais de 50% da renda comprometida com dívidas, o maior percentual desde janeiro de 2021.
São dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e da casa.
O cartão de crédito segue como o tipo de dívida mais comum entre os consumidores, e é a modalidade do sistema financeiro que cobra os juros mais elevados ao consumidor. “Os orçamentos mais acirrados têm levado mais famílias a atrasarem o pagamento de contas e dívidas e usarem mais o cartão de crédito, que é a modalidade de dívida para o consumo de curto prazo”, assinala a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira. O endividamento no cartão de crédito foi o único que apresentou aumento em abril, representando 88,8% de famílias com dívidas.
A piora geral do número de endividados e inadimplentes é mais uma “fotografia” do caminho para o colapso econômico e social que o país caminha com o total desprezo do governo Bolsonaro com essa trágica realidade em meio ao desemprego atingindo 11,9 milhões de brasileiros, cerca de 30 milhões no trabalho precário e a renda desabando 8,7%, segundo os últimos dados do IBGE.