O Ministério de Minas e Energia e a direção da Eletrobrás abriram mão de qualquer bom-senso ao eleger para o Conselho de Administração da estatal Manoel Zaroni, vice-presidente da empresa francesa Engie.
A nomeação de Zaroni se configura como um escândalo, já que a empresa da qual é vice-presidente já deixou claro seu interesse em abocanhar a infraestrutura brasileira de energia. No atual processo de privatização da Eletrobrás, a presença de Zaroni é um “prato-feito” de oportunidades e informações privilegiadas para a empresa francesa.
Segundo reportagem do jornal O Estado de São Paulo, a Assembléia Geral Ordinária que nomeou Manoel Zaroni o dispensou de atender aos artigos da Lei de Sociedades Anônimas que trata de conflito de interesses na eleição de membros do Conselho. O BNDESPar, um dos acionistas da Eletrobrás, declarou que se absteve na Assembléia porque a eleição de Zaroni simplesmente não estava na ordem do dia da reunião e que as informações curriculares do novo conselheiro omitia seu cargo na Engie. Outra passagem muito estranha do processo de escolha de Zaroni é a ata da assembléia que registra que a eleição de Zaroni foi recomendada pelo Ministério de Minas e Energia – que negou a indicação, dizendo que a recomendação foi da própria Eletrobrás.
O vice-presidente da Engie se manifestou dizendo que “não vê problema nenhum” já que fez um compromisso pessoal – que não é oficial, nem foi registrado em nenhum documento – de que pretende se abster quando o assunto for venda de ativos ou privatização da empresa.
Além de já ter manifestado interesses em ativos da Eletrobrás, a francesa Engie – hoje a maior privada do ramo de energia e gás do país – está negociando a compra da rede de gasodutos da Petrobrás, a Transportadora Associada de Gás (TAG).