“Os mísseis disparados pela coalizão internacional formada pelos EUA, França e Grã-Bretanha, com as invasões de Israel, Turquia e os terroristas, querem destruir a infraestrutura da nação”
“A Síria vive hoje sob ataque financiado pelos Estados Unidos, Turquia e Israel, em flagrante desrespeito ao direito internacional, à nossa soberania e independência” afirmou o embaixador da Síria no Brasil, Mohamad Khafif, em entrevista ao jornal Diário da Manhã, de Goiânia. O que se vive no país, esclareceu, é “uma guerra contra o terror e os terroristas”.
O embaixador alertou ao jornalista Renato Dias que o termo “guerra civil” nada mais é do que “uma expressão dos grandes conglomerados de comunicação e de mídia ocidentais” para “tentar mascarar uma intervenção estrangeira que fomenta um conflito que já dura sete anos”. “Estados Unidos, Turquia e Israel ocupam hoje 20% do território sírio, onde vive 5% da população”, com o criminoso apoio de “adversários históricos como Arábia Saudita, Turquia e Catar”, assinalou.
“É uma guerra injusta, violenta”, denunciou o embaixador, frisando que não há nenhuma justificativa para dar sustentação à sangrenta agressão: “não existem provas, como diz o diplomata da ONU, Paulo Sérgio Pinheiro, de que o Estado da Síria tenha disparado armas químicas contra civis indefesos”. “O direito internacional é violado no conflito contra a Síria”, frisou.
Elogiando a entrevista do diplomata sírio, “um homem culto, de formação enciclopédica e inspiração iluminista”, o jornalista aponta que Mohamad Khafif tem denunciado que seu país “é vítima de uma conspiração”, “de um ataque feroz”. “Os mísseis disparados pela coalizão internacional formada pelos EUA, França e Grã-Bretanha, com as invasões de Israel, Turquia e os terroristas, querem destruir a infraestrutura da nação”, condenou.
Mohamad destacou que a Síria, país fundador das Organizações das Nações Unidas (ONU), em 1946, aderiu posteriormente ao Tratado de Não Proliferação de Armas Químicas (TNP) e à Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), tendo uma longa trajetória de respeito à legislação internacional e aos direitos humanos. “Nosso país não possui armas químicas”, sublinhou.
ATAQUES DE TRUMP
De acordo com o embaixador, os ataques autorizados contra a Síria por Donald Trump (EUA), Emannuel Macron (França) e Thereza May (Grã Bretanha) ocorreram sem o aval do Conselho de Segurança da ONU e sem a anuência de seus respectivos parlamentos. Na contramão da manipulação, assinalou Khalif, é preciso exigir o cessar-fogo, ainda mais quando “o direito internacional é pisoteado”.
Contra as reiteradas e covardes agressões, apontou Khafif, “os aliados da Síria são Rússia, Irã, o Hezbollah, do Líbano. China e Coreia do Norte, que constituíram uma sólida relação de amizade com o nosso país ao longo dos anos”.
O terror, hoje, na Síria, alertou o embaixador, “traz ramificações da Al Qaeda – de Osama Bin Laden -, da Irmandade Muçulmana e de seguidores da Doutrina Wahabita, oriunda da Arábia Saudita”. A Irmandade Muçulmana teria o suporte do Catar e da Turquia, alerta, com “grupos classificados pelo Conselho de Segurança da ONU como terroristas atuando no país”. “O Estado Islâmico quer construir um califado islâmico e estendê-lo aos cinco continentes do planeta”, revelou.
Para virar a página de terrorismo e barbárie, explicou Mohamad Khafif, o Estado sírio deflagrou um “processo de conciliação para a deposição de armas e à volta da vida normal”. “É a oferta de paz para o diálogo”, insistiu, “para encontrar uma solução entre os sírios, sem interferência externa, com soberania”. Com este compromisso, declarou, “Bashar al-Assad anunciou decretos de anistia para quem depôs as armas e queria voltar à vida de antes, normal. Sem derramamento de sangue”.
O embaixador da Síria no Brasil declarou que, para fortalecer o processo democrático, ocorrem, em seu país, eleições regulares, com o funcionamento dos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário -, uma Constituição, partidos políticos de situação e de oposição, liberdade de credo e de religião, e realização de consultas populares, plebiscitos e um parlamento composto por 20 siglas.
Khafif lembrou que com formação em oftalmologia, e especialização em Londres, Bashar al-Assad venceu, em 2014, as eleições presidenciais, com dois adversários políticos: “é um homem culto, de linhagem nacionalista, que possui livre trânsito com a população civil e que conta com 10 partidos políticos em sua coalizão governamental”.
MENTIRAS DA MÍDIA
“A estratégia, hoje, é atacar os terroristas e expulsar do território da Síria os invasores. Nosso país não é uma ditadura, como propagam os grandes conglomerados de comunicação”, enfatizou o diplomata, lembrando que a República Árabe da Síria possui uma área de 185.180 km², num PIB que teve crescimento de 1,2%, apesar da guerra, no exercício econômico e financeiro de 2017.
Localizada no Oriente Médio, as principais cidades sírias são Damasco, Aleppo, o centro econômico e industrial, Homs e Al Ladhiqiyah, com 54,5% dos 23 milhões de habitantes vivendo na área urbana e 45,5% na rural. A economia nacional tem na exploração de petróleo e gás natural as principais fontes de receita. Na agricultura, se destaca o cultivo de azeitona, frutas, legumes, verduras e algodão e na indústria ganham projeção os segmentos químico, petroquímico, coureiro, têxtil e alimentício.
Para a reconstrução, o diplomata destacou a importância de ampliar a solidariedade internacional e, particularmente, da mobilização dos empresários no Brasil, para captar recursos e auxiliar na reconstrução da rede de infraestrutura.
Sobre a agressão estrangeira, o diplomata esclareceu que os avanços são evidentes e reiterou que “o Estado Islâmico já está com os dias contados”, com o Isis dando “os seus últimos suspiros em território sírio”.